Criptas de La Eternidad

-- Didi! Sabe aquele casarão (coisa bonita, modelo de morada, quase uma mansão, rapaz!) que fica na última esquina do meu serviço?

-- Que tem? Lá parece que moravam estrangeiros, W. Acho que aqueles BM noruegueses bem gostariam de morar lá. Tem um quê europeio. Pode crer.

-- Pois é. Morava uma família de húngaros lá.

-- Sério? Terra do Attila, vocal do Mayhem.

-- Exato. Então... Eu dei umas olhadas pelas frestas do portão, mas nada de perceber presença humana. Uma atmosfera de mistério parece contornar a casa a partir dos muros. Não se vê janela, porta nem vitraux aberto, em nenhuma hora do dia (de noite eu que não passo por ali; deve haver ladrões à espreita de pessoas despreparadas. Cé loko...).

-- Mas por que mencionaste o tal "casarão húngaro"? Não entendi ainda...

-- Explico. Eis que mandei uma carta endereçada a eles, perguntando se poderia fazer uma visita qualquer hora. Que trabalho ali perto e gostaria de conhecer melhor o casarão.

-- E?

-- "E"? É. "E". "E" aí que eu enviei essa carta tem coisa de dois meses. Mas até agora ninguém respondeu...

-- Por certo que não mora ninguém lá. Deve ser isso e nada mais. Só isso.

-- Hummm...

Você não se dá por contente e resolve ir até lá. Mas... de noite! Isso mesmo! Por volta das 03 Eternas Horas da Madrugada, como se dizia na canção. The Small Hours. The Graveyard Shift. Ah, tempo doido! Trabalhar no "Turno do Cemitério". Demais isso! Imagine o Funeral Infernal gravando seu début no "Turno do Cemitério": não seria um lance meio Misfits? Seria doido demais de bom, véi!

Mas voltemos. Você não se dá por contente e resolve, "in the dead of the night", aparecer por ali. Rapaz... Frio na espinha! Calafrios! Terror na Alma! Parece o horário em que se manifesta o Sobrenatural. A Supranatureza. O "Não-deste-Mundo". Ele parece te acompanhar. Um sinal (personificado pela brisa fria que percorre o ar nocturnal; brisa quase gelada; que dá medo) lhe convida a voltar para casa. Nada de ir descobrir as coisas numa hora dessas. E se for confundido com ladrão? O que fazer? Não. Nem pensar nisso. Esquece. Vá dormir e pronto. Tudo volta ao seu lugar.

Mas "alguém" sabe de tudo. E não é o Didi. Não. É alguém que guarda o Casarão. E não é vivo. Não pertence à nossa realidade. Não possui carne nem ossos. Mas já sabe de tudo e compreende as tuas razões para o incurso no imóvel. Agora... Só falta vocês dois marcarem um encontro para viabilizar essa visita. Mas você crê ser possível isso?