O MELHOR BANHO DE CHUVA É NO CHUVEIRO

Ontem (23 de julho de 2019), estava de saída de um supermercado, quando um mãe apresada resmungava com o garoto, para que ele viesse para o abrigo do guarda-chuva. O garoto, talvez com no máximo 12 anos, olhava a chuva, mas não podia sentir os pingos gelados baterem no seu rosto. Ele não deixou por menos e retrucou, dando conta que eram alguns pingos, daqueles que nem chegam a molhar. Fui no embalo dele e percorri pouco mais de 70 metros, até o carro e de fato eram alguns pingos, mas mesmo assim, critiquei a a mãe, por tirar-lhe a possibilidade de lavar a alma.

Deu-me a impressão que o garoto nunca experimentara um banho de chuva. Bateu-me uma vontade de sentir a chuva gelada bater-me no rosto e correr pelo corpo abaixo, mas enfim, a chuva era de araque.

Hoje, quase no mesmo horário, o céu desmanchava-se sobre Porto Alegre, eu trafegava pela pela Avenida Oscar Pereira, sentido Bairro Centro, quando pela pequena curva que há na frente do campo de futebol nas imediações do Hospital Parque Belém, despontou um carro de combate, daqueles que prestam serviços ao DMLU, vinha como um bólido, talvez pelos 70 km/h, ladeou-se para lá e para cá, como se fosse uma motocicleta inclinada pelo piloto, num race. A pista escorregadia, semi coberta pela água da chuva que desabava, fez com que o bólido invadisse pelo menos um metro da pista que eu circulava. Assustei-me e me exprimi dentro do carro e na pista, coisa que valeu-me duas rodas rente a margem da pista, toda esburacada.

Pelo retrovisor o caminhão afastou-se, no mesmo tranco que passara ao meu lado.

Logo adiante o carro começou a claudicar, desconfiado busquei um local para estacionar e poder verificar o ocorrido.

Pelo acostamento a água cobria meus pés e lá do céu desabava mais um pouco. Um pneu completamente murcho e o outro em vias.

Lembrei do garoto do dia anterior e comecei a movimentar-me para substituir o pneu. Foi o pior banho de chuva, apavorado, não achava a chave de fenda par acessar o suporte do step, depois ao invés de afrouxar, eu estava apertando os parafusos, enfim. depois de 50 minutos, consegui substituir o pneu.

Completamente encharcado, não enxergava nada, pois óculos não possuem limpadores de para-brisa. Um desses cães de rua, apiedou-se de mim e veio fazer festa, bem no momento que eu tentava recolocar os parafusos, acocorado, ficamos do mesmo tamanho, então ele lambeu-me a cabeça, descarrilhando o óculos, já todo embaçado.

Quando recolhia o pneu, macaco e chaves, estava exausto e apavorado, mal conseguia erguer o aro e pneu para por no bagageiro, então dei-me conta que pelos quase 64 anos, o melhor banho de chuva deve ser quente e no chuveiro.

Quase chegando em casa, novamente o carro começou a claudicar, era o outro pneu que havia murchado.

Um posto de abastecimento salvou-me, recompletamos o ar e consegui chegar em casa.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 24/07/2019
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