VOCÊ JÁ FOI À BAHIA?
Lembro de um artigo de Hélio Gaspari, na campanha presidencial de 2010, chamando a atenção do candidato Geraldo Alkmin por ocasião de sua visita ao Nordeste. Uma campanha quase ganha.
O artigo descrevia o comportamento demagógico de Alkmin, quando de sua passagem por Juazeiro do Norte (CE). O presidenciável, num comício, perante uma multidão que viajara de longe e de bem longe - a pé ou de pau de arara - pra pedir as bênçãos do seu santo milagreiro, Padim Ciço, cometeu uma gafe que o fez perder votos em todos os recantos do Nordeste. É que ele, no palanque, ao terminar o seu discurso, tomou nas mãos a imagem do Padre Cícero e a beijou solenemente, querendo afagar a matutada ali presente.
Um belo gesto, imediatamente interpretado pelos matutos como uma deslavada mentira. Demagogia, é claro, mas o matuto nordestino, de vocabulário restrito e próprio, não sabe pronunciar esse palavrão estrambótico.
"Mentira, sim sinhô. Esse canindato tá inganano a gente!"...
Não deu outra. As pesquisas de opinião, em toda a região, caíram fragorosamente, já na semana seguinte. Essa queda influenciou as demais regiões.
Hélio Gaspari, como bom jornalista, conhecedor dos costumes de todo o povo brasileiro, sabia disto e por isso alertou ao seu amigo candidato para essa trágica consequência.
Um alerta fora de tempo.
"Padim Ciço" é uma divindade exclusiva daquele povo sofrido. Não adianta o rico apelar para os seus milagres porque o resultado só tem sido negativo.
Mas Bolsonaro não aprendeu. Veio ao Nordeste inaugurar a ampliação do aeroporto de Vitória da Conquista (BA) e encmendou tapumes em todo o seu entorno, a fim de não ser xingado por manifestantes não convidados. Significa que ele esperava o xingamento, como lhe aconteceu no Maracanã. E os convidados estavam lá - 600 era o previsto -, traje a rigor, como se estivessem em Brasília.
Até aí, tudo bem !
Acontece que no discurso o presidente sequer tocou no nome do filho da terra - Glauber Rocha - que deu nome ao aeroporto. Pôs na cabeça um chapéu de vaqueiro nordestino (ficou engraçado!). Ainda gritou para a sua plateia encomendada: "Somos todos paraíbas", como que querendo desfazer sua expressão preconceituosa de dois dias atrás, desqualificando todos os governadores do Nordeste com o termo "paraíbas", pejorativo fora dessa região.
Vejo uma repetição do que aconteceu com Geraldo Alkmin também no Nordeste.
Nordestinos repudiam a demagogia, a mentira.
Vamos ver o que acontecerá na próxima pesquisa de opinião a respeito do presidente Bolsonaro, que, ou não tem mesmo o que dizer ao povo, ou ainda se vê presidenciável.
Lembro de um artigo de Hélio Gaspari, na campanha presidencial de 2010, chamando a atenção do candidato Geraldo Alkmin por ocasião de sua visita ao Nordeste. Uma campanha quase ganha.
O artigo descrevia o comportamento demagógico de Alkmin, quando de sua passagem por Juazeiro do Norte (CE). O presidenciável, num comício, perante uma multidão que viajara de longe e de bem longe - a pé ou de pau de arara - pra pedir as bênçãos do seu santo milagreiro, Padim Ciço, cometeu uma gafe que o fez perder votos em todos os recantos do Nordeste. É que ele, no palanque, ao terminar o seu discurso, tomou nas mãos a imagem do Padre Cícero e a beijou solenemente, querendo afagar a matutada ali presente.
Um belo gesto, imediatamente interpretado pelos matutos como uma deslavada mentira. Demagogia, é claro, mas o matuto nordestino, de vocabulário restrito e próprio, não sabe pronunciar esse palavrão estrambótico.
"Mentira, sim sinhô. Esse canindato tá inganano a gente!"...
Não deu outra. As pesquisas de opinião, em toda a região, caíram fragorosamente, já na semana seguinte. Essa queda influenciou as demais regiões.
Hélio Gaspari, como bom jornalista, conhecedor dos costumes de todo o povo brasileiro, sabia disto e por isso alertou ao seu amigo candidato para essa trágica consequência.
Um alerta fora de tempo.
"Padim Ciço" é uma divindade exclusiva daquele povo sofrido. Não adianta o rico apelar para os seus milagres porque o resultado só tem sido negativo.
Mas Bolsonaro não aprendeu. Veio ao Nordeste inaugurar a ampliação do aeroporto de Vitória da Conquista (BA) e encmendou tapumes em todo o seu entorno, a fim de não ser xingado por manifestantes não convidados. Significa que ele esperava o xingamento, como lhe aconteceu no Maracanã. E os convidados estavam lá - 600 era o previsto -, traje a rigor, como se estivessem em Brasília.
Até aí, tudo bem !
Acontece que no discurso o presidente sequer tocou no nome do filho da terra - Glauber Rocha - que deu nome ao aeroporto. Pôs na cabeça um chapéu de vaqueiro nordestino (ficou engraçado!). Ainda gritou para a sua plateia encomendada: "Somos todos paraíbas", como que querendo desfazer sua expressão preconceituosa de dois dias atrás, desqualificando todos os governadores do Nordeste com o termo "paraíbas", pejorativo fora dessa região.
Vejo uma repetição do que aconteceu com Geraldo Alkmin também no Nordeste.
Nordestinos repudiam a demagogia, a mentira.
Vamos ver o que acontecerá na próxima pesquisa de opinião a respeito do presidente Bolsonaro, que, ou não tem mesmo o que dizer ao povo, ou ainda se vê presidenciável.