Moro no subúrbio, cercada por favelas ou comunidades, como preferir porque nome não altera a realidade. A realidade aqui começa de madrugada com os helicópteros sobrevoando baixinho a região, barulho de tiros quase todo o tempo, ruas esburacadas, muita aglomeração de ''craqueiros'' nas proximidades das favelas. Sujeira, jardins de pneus nas esquinas, ‘’alguém já viu isso na zona sul?’’ Roubos frequentes de grades e portão de alumínio, hidrômetro e cabos telefônico. Internet? Se não roubarem os cabos, temos mas não é lá grande coisa.
Os prédios das escolas públicas são velhos e estão bem depredados, as crianças reclamam que não tem merenda, não tem espaço para atividade física porque não temos praças nem jardins limpos. Jovens ociosos fazem o que? Sim! Fazem M! Existem ótimos projetos sociais com atividades esportivas nas comunidades; quando os pais conseguem convencer os filhos a frequentar, quando os jovens se interessam e querem sair do contexto viciante.
O povo daqui anda pessimista, desempregado, sem o mínimo para sobreviver. Estão doentes, doenças como tuberculose e sífilis voltaram a assombrar. Estão com fome também, vivem como podem e não é o suficiente.
E eu vivo aqui há cinquenta anos, compartilhando muitas histórias que chegam na fala corrida das mulheres dessas comunidades: não tem jeito, não vamos conseguir, não dá não, pobre é assim mesmo, a gente nasceu assim e vai morrer assim. Será? E se essa gente começasse a sair do piloto automático? E se eles pudessem buscar oportunidades e apoio? Estar presente, se ‘’dar conta’’ da ação que está acontecendo, será que alguma história poderia ter a chance de não acontecer? A menina ficaria indecisa antes de largar os estudos? O menino teria curiosidade de fazer um esporte? A mãe saberia explicar pros filhos seus direitos? O cara nervoso poderia respeitar o sinal? As crianças pensariam antes de jogar pedras no 474?
Moro no subúrbio, na rua da estação de trem. Estudei em escola pública e aprendi a gostar da minha comunidade. Vivo aqui cercada por favelas, que tem muita gente bacana que merece uma chance de ter uma vida digna, acredito que o conhecimento deve ser compartilhado. Acredito em conexão e seguir junto, acredito na força da cultura e do conhecimento.
Os prédios das escolas públicas são velhos e estão bem depredados, as crianças reclamam que não tem merenda, não tem espaço para atividade física porque não temos praças nem jardins limpos. Jovens ociosos fazem o que? Sim! Fazem M! Existem ótimos projetos sociais com atividades esportivas nas comunidades; quando os pais conseguem convencer os filhos a frequentar, quando os jovens se interessam e querem sair do contexto viciante.
O povo daqui anda pessimista, desempregado, sem o mínimo para sobreviver. Estão doentes, doenças como tuberculose e sífilis voltaram a assombrar. Estão com fome também, vivem como podem e não é o suficiente.
E eu vivo aqui há cinquenta anos, compartilhando muitas histórias que chegam na fala corrida das mulheres dessas comunidades: não tem jeito, não vamos conseguir, não dá não, pobre é assim mesmo, a gente nasceu assim e vai morrer assim. Será? E se essa gente começasse a sair do piloto automático? E se eles pudessem buscar oportunidades e apoio? Estar presente, se ‘’dar conta’’ da ação que está acontecendo, será que alguma história poderia ter a chance de não acontecer? A menina ficaria indecisa antes de largar os estudos? O menino teria curiosidade de fazer um esporte? A mãe saberia explicar pros filhos seus direitos? O cara nervoso poderia respeitar o sinal? As crianças pensariam antes de jogar pedras no 474?
Moro no subúrbio, na rua da estação de trem. Estudei em escola pública e aprendi a gostar da minha comunidade. Vivo aqui cercada por favelas, que tem muita gente bacana que merece uma chance de ter uma vida digna, acredito que o conhecimento deve ser compartilhado. Acredito em conexão e seguir junto, acredito na força da cultura e do conhecimento.