MEDO DE CRESCER

Nasci bem no começo dos anos 80 e em meados dos anos 90, vejam só, eu era um pré-adolescente; assim dizíamos nós meninos de 13 anos, a todo custo tentando criar uma nova identidade onde ninguém mais nos chamasse de crianças. Estávamos num caminho sem volta rumo a vida adulta e não víamos nessa pretensa vida o acréscimo de responsabilidades; não sabíamos direito o que era isso. Víamos apenas o poder de tomar decisões por nós mesmos, de sair a hora que bem quiséssemos e voltar pra casa quando quiséssemos, além de um certo status, um respeito diferenciado do que tínhamos tido até então.

Meus amigos, adultinhos que eram, começaram a sair a noite para as praças onde meninos e meninas (perdão, pré-adolescentes) iniciavam seus jogos de sedução e se beijavam e as vezes mais que isso.

Eu não era feio e despertei interesse de algumas garotas. Alguns amigos (ou meu irmão quase da minha idade) chegaram para “dar os toques” de uma ou de outra moça e encontros eram marcados, mas eu não estava pronto, não por não desejar, mas porque era tomado de pânico e sempre dava um jeito de não aparecer. Quando fecho os olhos, caso queira, posso viajar em minha mente e ainda sentir como disparava meu coração e tremia meu corpo quando se aproximava a hora de um desses encontros.

Em minha defesa devo dizer que eu acreditava que aquela parada de encontrar alguém que eu mal conhecia pra ficar roçando minha língua na dela, era uma traição. Eu sempre estava apaixonado e, apesar de nunca estar namorando, aquilo era uma traição aos meus sentimentos.

Contra mim, devo dizer que a verdade era que eu sentia medo mesmo.