Adorável Bob.
O lugar onde minha mãe mora é bem tranquilo, sem muito barulho, poucos carros, poucas buzinas. O único barulho na casa da minha mãe, às vezes, é do bob ao despertar, mas nada como um bom pedaço de pão para acalmá-lo. É sempre a mesma coisa quase todas as manhãs, impressionante como o bob ama pão. O bob é muito amável, uma agradável companhia para todos os momentos, ficar sozinho não é muito com ele, logo reclama. Entretanto, é muito dócil, gosta de ficar dentro de casa, na sala, no quarto, mas o lugar preferido é na cozinha, ele ama um carinho. Pois, bem! Em uma dessas manhãs o bob resolveu fazer um pouco mais de barulho do que o normal, acabei por acordar primeiro que todos na casa.
Gosto de quando venho à casa dos meus pais, me sinto bem. A casa dos pais é uma espécie de refúgio. Os domingos são sempre movimentados, o tradicional almoço é uma verdadeira confraternização entre a família.
Naquele domingo não foi diferente, aos poucos, um e outro despertava, o cheiro gostoso de café. Levantei por último, todos estavam à mesa, e o bob entre eles, comendo o seu pedaço de pão, ao lado da minha filha. O bob ama brincar com minha pequena, ao me ver, cumprimentou-me com o brilho irradiante do seu olhar sincero. Todos conversavam ao mesmo tempo, enquanto o bob, em silêncio, buscava afago de um e outro. A minha família são de mineiros, imagine os senhores, quem os conhecem bem sabem que por natureza não sabemos falar baixo, por isso, os domingos são tão barulhentos, cheio de risadas, uma verdadeira alegria.
Voltemos a nossa conversa de início.
No momento em que despertei. Lá estava o bob, com seu olhar pedinte, o rabo a balançar de um lado para o outro demonstrando a alegria por ver-me, ao aproximar-se de mim ele enfiou a cara entre minhas pernas esperando afago e carinho em seu pelo macio. Não o nego, como também lhe presenteio com um bom pedaço de pão, enquanto ele não ganha sua fatia ele não sossega. Outra coisa muito particular desse amável animal, que eu não compreendo, mas acho maravilhoso, é que, a minha filha, uma garota de oito anos, criança alegre e cheia de vida, porém, com um medo terrível de cachorro, todavia, o bob é o único que ela não teme. Também notável e de grande admiração, é o fato da minha filha tendo uma alergia muito forte a pelos de animais, e mais uma vez o bob nos surpreende, por ser o único animal em que os pelos não provocam a crise alérgica dela. É bonito vê-la brincar com o bob, gostando tanto de cachorro e não podendo ter um, se diverte com esse espetacular animal.
O domingo segue seu curso de normalidade, ajuntamento de parentes, almoço movimentado, barulheira costumeira, risadas e piadas, crianças a brincar. O sol aos poucos começa a esquentar, e daqui a poucos minutos a casa da minha mãe vai estar ainda mais cheia de gente, se comunicar será quase um prodígio.
Hoje, especialmente hoje, dia 21 de julho, será um domingo incompleto na casa da minha mãe. Nosso adorável amigo bob, depois de alguns dias, doente, internado, entre vários medicamentos, veio a falecer. Na idade dos cachorros ele estava bem idoso, talvez beirando os oitenta. O que fica é a saudade latejando no peito, as boas lembranças, o olhar pedinte daquele que foi um verdadeiro amigo.
Adeus amigo…