AS PÉROLAS DOS PORCOS
Em duzentos dias de governo, Jair Bolsonaro criou uma estratégia que desvia a atenção do seu governo. No início todo o staff estava imbuído em fabricar factoides. A ministra Damares era a que mais se destacava na produção de 'pérolas' para que a mídia e a população se distraísse.
Enquanto pauta a mídia e, consequentemente, a opinião pública, as questões relevantes como a 'reforma' da previdência, a retirada de direitos trabalhistas, o sucateamento das universidades públicas, a liberação de mais agrotóxicos e as privatizações, vão acontecendo na surdina.
Nada é dito ao acaso. Quando Bolsonaro diz que "no Brasil ninguém passa fome", ou quando utiliza a palavra "Paraíba" pejorativamente, um grupo de pessoas está reunido para 'simplificar o regime de outorga" da lavra garimpeira; está reduzindo o controle do COAF no combate à lavagem de dinheiro, o ministro da educação assina portaria que tira das mãos dos reitores da universidades federais o direito de nomeação dos pró-reitores.
A cortina de fumaça tem servido muito bem. Enquanto o filho do presidente diz que está preparado para assumir uma Embaixada porque sabe fritar hamburger, o governo se pôs em guerra com a indústria do audiovisual; quando o inepto presidente ataca a jornalista Miriam Leitão, seu governo vem fazendo um estrago sem precedentes no país.
Nas últimas semanas, com as divulgações das mensagens e áudios trocados entre o ex-juiz Sérgio Moro com os procuradores integrantes da força tarefa da Lava jato, pelo site The Intercept BR, que vem mostrando como atuaram para condenar Lula com a participação de ministros do Supremo; de como montaram a indústria das delações e o esquema de enriquecimento através de palestras, as 'pérolas' e a quantidade de impropérios vem numa crescente diária.
Ricardo Mezavila.