Desmembramento
-Eu não quero mais minha cabeça; quem minha cabeça pensa que é?
-O tronco e os membros, matematicamente, são mais que suficientes para que eu permaneça, democraticamente vence quem oferece mais votos: tronco e membros 2, cabeça 1; contra a matemática não há argumentos.
-Por quê um corpo, um mapa devem manter sua configuração? E se a cabeça, e se o Nordeste do mapa estão, reconhecidamente, sobrando, devem continuar mantendo o contorno natural?
-Eu não quero mais minha cabeça, eu não quero mais o Nordeste, quero mudar minha anatomia, quero mudar minhas fronteiras, eu não quero mais pensar, que mudem o cartógrafo.
-Meu corpo continuará sendo truculento sem minha cabeça, e minha bandeira apenas perderá uma estrela, mas continuará sendo minha bandeira.
-O Nordeste pode ser, e tem sido a cabeça do meu mapa, meu corpo e meu mapa mutilados; que se passe a desconsiderar tudo que a minha cabeça para o meu corpo pensou, tudo que o Nordeste para o meu mapa representou.
-Eu sei que a integralidade é vital para o meu corpo, para o meu mapa, mas eu sou assim, e, por isso, insisto: - Eu não quero mais minha cabeça, assim como não quero mais o meu Nordeste, para eu andar como eu ando, não preciso mais da minha cabeça, e muito menos do meu mapa.