Meu herói, meu amigo
Eis que me encontro diante de uma fotografia do meu pai com o meu irmão mais velho, no lançamento do seu livro "Pelo Fundo da Agulha", o último da trilogia regionalista (os outros foram "Essa Terra" e "O Cachorro e o Lobo") na Fundação Jorge Amado, no Pelô, Salvador, Bahia. Na foto, um momento de delicadeza e ternura entre pai e filho que não se repetirá mais. Uma vez perguntei ao meu pai o que eles falavam naquele instante de extrema emoção captada pela lente da câmara. Ele olhou a fotografia buscando a memória, pigarreou e me disse:
- Falei ao seu irmão: "Meu filho, que bom que você se tornou alguém na vida!"
- E o que ele respondeu? - perguntei.
- Ele me respondeu: "Devo tudo isso ao meu irmão Toninho, que agora abreviou pra Tom. Se não fosse ele, eu não seria ninguém". Como assim?, perguntei, surpreso. E ele me esclareceu: "Toda vez que olhava para aquele moleque correndo atrás das cabras, eu dizia a mim mesmo: quero ser qualquer coisa na vida, menos igual a esse coisa ruim!"
Êta que bateu uma saudade do meu pai!