OS “FANTASMAS” DE CADA UM... II (REMINISCÊNCIAS).
Corriam os primeiros anos da década de 70, da pacata Curitiba; sua idade?Já passavam da idade nos números acima mencionados. Pessoa pacata, ponderado no falar, atencioso para ouvir, assim era o paulistano Senhor SCS.
Abraçara com afinco a profissão de farmacêutico, responsável por uma indústria de pequeno porte, tão comum em nosso país; porém, já fazia alguns anos que começara de forma irreversível, o processo da vinda de grandes laboratórios multinacionais para o Brasil, se “associando”, - na realidade os comprando. - aos laboratórios nacionais e por este processo permitido, e deste modo ter oportunidades de lançarem os seus produtos que tinham enormes destaque em seus países de origem...
Muitos, entretanto resistiam a estas mudanças; como no dele. – prosseguia lutando heroicamente para se manter no mercado...
Quase todos os meses tínhamos o prazer de receber sua visita; estávamos até acostumados, chegava antes de abrirmos a porta da empresa, lá estava ele nos aguardando...Fazia a viagem de ônibus, vindo de Atibaia-SP. – sede de sua indústria. - Decia na atual rodo ferroviária, fazendo o trajeto a pé. -
A empresa ficava localizada na Rua Alferes Poli, quase esquina com Silva Jardim. É evidente que poderia colocar os títulos em cobrança bancária, porém, gostava de rever nossa cidade; após acertos e conversações habituais, se despedia e antes de retornar a rodo ferroviária, sistematicamente se dirigia ao centro de Curitiba, Rua das Flores, para matar a saudade da cidade que cativava seu coração...
E somente após esta prática é que retornava a sua cidade de origem.
Isto se repetiu inúmeras vezes; em algumas ocasiões “atrasamos” o seu retorno; pelo convite de um almoço fraterno e, certa feita para um encontro com uma radialista, apresentadora de um programa radiofônico para divulgação de um de seus produtos.
O tempo passa célere para todos, e ele não seria exceção; após mais alguns anos, foi nos comunicado o seu desenlace, restando a nós a perene lembrança de um ser humano tranqüilo, de bem com a vida, demonstrando pelas suas atitudes ser uma pessoa em que a religiosidade e os conhecimentos espirituais, já o envolviam a longa data...
O segundo personagem que hoje nos vêem a lembrança, também atuava no mesmo setor, - indústria farmacêutica. - durante anos se dedicou a este labor, - por coincidência, a pessoa que nos referimos inicialmente em nossas lembranças, fora inicialmente seu farmacêutico responsável, quando em dado momento optou pelo desafio de montar sua própria indústria. - com o passar dos anos, se tornou uma indústria de médio porte, com razoáveis níveis de venda, abrangente grande parte dos estados da federação; dando-lhe uma estabilidade financeira a si e sua família...
Após algumas décadas, os filhos, - dois. - em que o mais comum é somarem as atividades com o pai, optaram por exercerem outras atividades, com o avançar de sua idade, decidiu por parar, vendeu sua indústria e a licença de seus produtos...
Anos mais tarde, simbolizando o “ultimo vôo de fênix”, - ave mitológica que ressurge das cinsas para o seu último vôo. - vem nos visitar com um de seus filhos, nos fazendo oferta de um produto, - analgésico e anti-térmico. - que estava lançando e ao mesmo tempo nos outorgando a exclusividade para representá-lo a outros distribuidores; na sequência fizemos a parceria com um colega que atuava em todo estado, as vendas foram um sucesso pela qualidade e preço do produto. (Uma pessoa conhecida, que tinha um laboratório prontificou-se a produzi-lo, pois já fazia alguns anos que saíra do ramo).
Já passara dos oitenta anos, inúmeras ocasiões veios nos visitar com um dos filhos dirigindo, - de Atibaia até a nossa cidade é um longo percurso, mas isto não constituía problema, - quase sempre a esposa de ambos os acompanhava.
Numa das viagens, uma das fêmeas, a Basset Dachshund, - Miucha, hoje de saudosa memória. - tivera cria há poucas semanas, a esposa do filho encantou-se com um dos filhotes, não resistiu e a “adotou”, e levou no colo o precioso presente; tempos depois nos informaram que depois de adulto o mesmo foi roubado...
Na Copa do Mundo de 92 jogavam Brasil e Holanda, ele assistindo jogo, inesperadamente tem um distúrbio circulatório irreversível, culminando com o seu desenlace e retorno à pátria de origem, que todos independentes de nossas convicções religiosas estamos subordinados...
Restando, porém, as lembranças pelo modo pelos quais nossas vidas foram marcadas, no otimismo, apesar das vicissitudes, na sã alegria sempre louvando a Vida, dádiva que o Criador outorga a cada um, para que durante a estadia terrena, irmos agregando efetivos valores que iluminarão nossos caminhos e daqueles que compartilharam de nossas vidas.
Temos certeza que o senhor SCS. e o senhor M. estão em um bom lugar, em face da integridade em que souberam levar suas vidas...
Curitiba, 04 de abril de 2011- Reflexões do Cotidiano- Saul – Reminiscências.
Hoje é 19 de julho de 2019 21h24min.
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