LIBERDADE SEMPRE!
LIBERDADE SEMPRE!
Nelson Marzullo Tangerini
Há muito sou um militante da liberdade, um escritor em luta contra o fascismo.
Não pretendia votar em ninguém. Sou contra o voto obrigatório, penso que eleição é farsa, e sonho com um socialismo libertário, o que me leva, muitas vezes, a criticar o socialismo autoritário – e tais críticas têm até causado mal estar e brigas entre amigos comprovadamente de esquerda. Difícil agradar gregos e troianos.
Escrevo-lhes esta crônica porque muitos vieram me criticar in box e no zap, por ter resolvido apoiar Haddad na reta final.
O que as pessoas queriam, que eu apoiasse um candidato que se diz cristão e apoia a ditadura e a tortura? O ídolo dele é um torturador, Carlos Alberto Brilhante Ustra, o mais cruel e mais temido torturador da ditadura militar, que deixou um largo histórico de torturados, assassinados e desaparecidos.
Talvez meu erro seja estar sempre atracado com livros de História para saber o que falo e o que digo. Justamente, num momento em que as páginas de nossa história estão sendo rasgadas em universidades e censuradas em colégios, prática muito comum em países autoritários e fascistas.
E as pessoas continuam me perguntando o que eu penso sobre a Venezuela. Tenho declarado publicamente que não sou fã de Castros, Maduro ou Ortega – os dois últimos, ditadores autoritários da Venezuela e Nicarágua, respectivamente.
Estou, neste momento, com Haddad, porque o outro candidato mantém seu discurso de ódio e se apresenta com armas, fazendo, inclusive, propaganda da Taurus.
É meu dever, como escritor, lutar contra o fascismo e contra qualquer forma de ditadura, seja ela religiosa, de direita ou de esquerda.
Não temo tais comentários a meus respeito. O que não posso é apoiar um homem desequilibrado, uma família de desequilibrados, que vomita ódio na televisão e nas redes sociais.
O meu discurso não é armamentista, embora me considere um revolucionário.
Sim, o PT merece críticas severas. Avram Noam Chomisky escreveu sobre o assunto, recentemente. Mas isto não é motivo para cultuarmos a ditadura, a tortura e o fascismo, apoiados por cristãos evangélicos, que desprezam a História e passam a vida lendo um único livro, a Bíblia. É preciso respeitar os livros de História. Eles não merecem ser rasgados e jogados no lixo ou na fogueira. Ou enfrentaremos mais uma Inquisição.
Há muito abandonei o cristianismo belicista. Mas Cristo, aquele que, um dia, nos disse “Não matarás” ou “Amai os vossos inimigos”, ainda é uma referência em minha vida, assim como Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Dorothy Stang, Chico Mendes e Nelson Mandela.
Contra o fascismo, sempre darei a minha contribuição, até que eu venha a criticar duramente quem o derrotou e impôs, também, as suas ideias autoritárias.
A liberdade é sempre mais alegre e mais arejada. Liberdade sempre!