Transmissão ao vivo
Acho que todos vocês estão habituados demais a ficarem em balcões de bares, onde as bebidas são preparadas na hora e ali, você vê se o garçom está realmente colocando a vodka que fica estampada na prateleira de vidros luminosos, se está utilizando a fruta fresca (que estava estocada mais de 2 semanas na câmera fria dos supermercados), ou indo muito a fastfood e suas cozinhas com paredes de vidros.
E ainda acho, que no seu trabalho as paredes também devem ser de vidros, o som dos seus sapatos entrando no seu apartamento informa sempre a sua chegada, antes do seu perfume. A foto do seu amor exposto, o amor que você traí, mas que ama com toda as suas forças, mas traí, o amor que te dá tudo, mas que você traí, por conhecer, por ser transparente como as paredes de vidros.
E este hábito de acompanhar cada passo de qualquer serviço, como se fosse uma criança que começou a dar os primeiros passos e tem que ter alguém ali, para ampará-la da queda ou ajudá-la a se levantar.
Este acompanhamento ao vivo, esta atenção redobrada a o que quer que seja, não foi feito pelo executor, e sim pelos seus olhos, audição, tato, paladar e visão ativa do espectador.
Virou uma segunda pele, um sangue correndo nas veias e você quer fazer isto com tudo. Com o padre da sua igreja, seus pais, seu computador na manutenção, seu irmão na Uti, sua tia no mercado, sua bolsa no sapateiro, seu ingresso na bilheteria online.