UM MUNDO ALÉM DO MUNDO BEM AO NOSSO LADO

Vivemos em mundo, e pensamos só existir ele. Achamos que os nossos problemas são os maiores, e que aquelas cenas terríveis, vistas na África e em outros lugares semelhantes, está longe de nossa realidade, e por isso, não deveríamos nos preocupar, pois nada podemos fazer.

Mas, você conhece mesmo a realidade de onde você vive? A verdade que o circunda?

Eu pensei que conhecia, até que há alguns anos, passei a me deparar, quase que diariamente, com um mundo paralelo ao meu, e isso me assusta, porque, é algo que não faz sentido, diante de tanta riqueza e evolução em nosso País.

Uma realidade não de miséria e abandono total como nos Países como a África, mas, uma realidade de abandono social, de um mínimo existencial.

Você tem ideia, de que existe um mundo muito diferente desse que vivemos, bem ao nosso redor? Eu não tinha ideia, até que assumi uma nova profissão.

De repente, comecei a andar em lugares, nos quais vemos dezenas de pessoas nas ruas, encostadas, sentadas, enfim, sem nada para fazer, porque não tem trabalho? Não querem trabalhar? Não tem nenhuma qualificação? Não sei. Mas, elas estão lá. Me pergunto se elas sonham com uma vida mais digna, ou se elas não entendem o quanto esta realidade está longe delas, o quanto elas foram colocadas a margem da sociedade, e lá, deixadas, para um futuro completamente incerto.

Mas, a coisa piora. As ruas, são areia, barro, cheias de buraco, difíceis dos carros circularem. Quando chove, aí que a coisa complica, porque é uma lama, misturada com muito lixo e fedor.

E o lixo? Tem lixo em todo lugar, eu passo diariamente por ele, por entre urubus que brigam por um pedaço de refugo, entre sacos rasgados, ou simplesmente jogados naquele lugar a céu aberto, sem barreiras, sem depósitos, nada que separe a vida humana dos detritos do local.

Mas, não é um lugar só. O lixo se espalha em frente as casas, juntamente com os urubus, seres humanos, cães e gatos. Crianças que correm brincando, no meio daquele imenso lixão ao ar livre.

Saneamento básico? Parece piada, mas, não existe. Em muitas casas você vê as valas cavadas em volta dos imóveis, nas quais correm todo tipo de sujeira e dejetos, que sequer, podemos imaginar.

Tudo circula ao redor da residência, exalando aquele cheiro de podridão, que ás vezes é quase insuportável.

Aos poucos, aquela sujeira vai se juntando na superfície das valas, formando um chorume de densidade espessa, que borbulha com o calor do sol. É algo tão nojento, que é difícil de explicitar. Parece um monstro criando vida para invadir o mundo.

Na minha vida, já conheci e frequentei muitos lares pobres e até miseráveis, mas, essa condição que vi nos últimos anos, em nada se compara, pois, não é só a pobreza ou a miserabilidade, vai muito além, um descaso total e completo com o ser humano.

E ao chegarmos na rua, vamos procurar o imóvel, e descobre que tem que adentrar em um pequeno corredor, que surge entre as casas que se postam a frente da rua. E enquanto, você caminha, tem que fazer verdadeiros malabarismos, se equilibrar em pedaços de madeira jogados no local, desviar das poças sujas de água, cheias de lixo, e em muitos casos, nem é possível fugir de afundar o pé naquele local. Aí, você pensa nas doenças que podem estar depositadas ali, e se pergunta, como pessoas podem e conseguem viver naqueles lugares.

Conforme, você vai entrando, você portas e janelas, de madeiras, que tentam formar casas. São dezenas de pequenas moradias, que se encontram naquele lugar, entre destroços, lama, sujeira, e tantas outras coisas, que nos mistura o estômago.

São situações tão esdruxulas, que se tornam impossível de descrever, mas, que se faz necessário ver, ouvir, compreender, que existe um mundo paralelo bem ao lado do nosso maravilhoso lar, do qual tanto reclamamos; com pessoas que não vivem, e sim, sobrevivem, muitas vezes, nem sei como.

É hora de acordar, entender e mudar essa realidade. Porque, é algo muito desprezível para qualquer ser humano, viver em situações tão precárias e insustentáveis, ao mesmo tempo, que existe um mundo de luxúria, que se é distante de nossas realidades de classe pobre e média, imagine desses milhares de pessoas que são obrigadas a sobreviverem nestes locais.

Noélia Alves Nobre
Enviado por Noélia Alves Nobre em 13/07/2019
Código do texto: T6694821
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