Trocando papéis
Trocando papéis
Anos atrás na frente de uma Rotisserie presencie algo que me fez pensar e com toda certeza, marcar para sempre a vida de uma senhora que observava com enorme surpresa uma deficiente (mental) se locomover com seu modo impar buscando uns trocados e quando esta percebeu naquele olhar a discriminação, disse (direto e reto - curto e grosso) sem racionalizar coisa alguma:
"Por que a Senhora me olha assim? Sabia que poderia ter tido uma filha igual ?".
Simplesmente fantásticas suas palavras - Desarmaram por completo aquele ser que sem saber o que fazer, foi embora humilhada e com medo de olhar para frente e encarar fosse quem fosse. Quanto a mim que observava a cena, fiquei pasmo com a grandeza implícita em cada uma daquelas palavras - curtas, firmes e com todo nexo possível explodindo (ou seria implodindo?) o ego de quem curte as coisas do "ter" ao contrario do "ser" da forma como cada um nasceu, ou seja, membro único de orquestra tocada pela batuta do Maestro dos maestros - sem discriminação pois isto é coisa de gente que pensa mas no fundo, não passa de uma criança em busca dos pais sem saber se chora ou ri depois de um tombo.
Manoel Claudio - 26/09/07