O dia em que emprestei meu agasalho azul
Se a gente pensar sobre o que, de fato, uma amizade é feita, eu consigo explicar usando uma metáfora de um agasalho azul.
Imagine que você tenha um agasalho azul que seja o seu favorito. O inverno e o frio não vencem a proteção que esse agasalho azul te oferece.
Não tem resfriado ou vendaval capaz de tirar a capacidade do agasalho em esquentar o corpo e, finalmente, o coração.
Mas então, certo dia, quando você estava no jardim de infância, descobrindo como era o mundo e os insetos, você se deparou com uma situação.
Na sua cabeça de criança – tão pura e simples como deve ser – a solução era bem simples e fácil. Lá no meio do jardim da escola, sentada no chão de terra ou em algum dos brinquedos espalhados estava ela.
Uma menina que não tinha agasalho azul e nem companhia perto. Meio que por um instinto, você se aproximou dela.
No começo só observou, não falou nada. Depois foi chegando mais perto até, finalmente, ela olhar para você também. Meio que sorriem juntos e você decide sentar do lado dela.
Juntos vocês começam a brincar e inventar histórias. Riem, fazem barulho, dão bronca quando as regras da brincadeira não são respeitadas e assim o dia segue.
Até que você percebe que ela está com frio. Decide então emprestar o seu agasalho azul e, desde então, o laço de amizade foi formado.
Depois de tantos anos você se pergunta como tudo começa quando queremos fazer novos amigos. A gente não desconfia que um agasalho azul foi capaz de revelar que você seria amigo para sempre, ou até quando necessário, de alguém.
Um simples agasalho azul seria o começo de uma amizade e o começo da compreensão que ser amigo é, muitas vezes, emprestar o seu agasalho azul, sem esperar que ele volte para você.
É emprestar ombro, paciência e ajuda. É emprestar o seu tempo para viver momentos com quem vai rir, chorar e pedir o seu agasalho emprestado.
E sabe de uma coisa? Você vai acabar emprestando, porque vai entender que de um simples gesto, nascem grandes amizades.