VOEM, FILHOS, VOEM!
A gente cria filhos pra voarem mundo afora,
deixando rastro de lembranças de aço.
Lembranças quando avançavam nas tetas felpudas de sua mãe,
ou quando, trêmulos, delineavam passos cambaleantes,
assustados, frágeis toda vida.
As primeiras palavras que saiam de sua boca no formato de grunhidos.
suas descobertas de gostos, texturas, cores, cheiros, tudo.
Lembro de suas festinhas de aniversário, da alegria irradiada por todo canto.
Seu corpinho tomando nova forma,
a descoberta da escolinha, dos novos amigos, novos desafios.
Alguns choros que pareciam não ter fim, e a gente sem entender o porquê de tanto sofrimento assim.
As brigas quando já se faziam gigantes, nas rebarbas de uma adolescência difícil de passar, difícil de conviver, difícil de entender.
De repente, lá estavam eles, na pista da vida ligando os motores pra voar.
Suas asas já robustas certamente vão precisar de reparos por causa
das turbulências que os esperam a todo canto.
Mas já se dizem capazes de enfrentar ventos contra,
curvas traiçoeiras, dilúvios que parecem não desistir nunca.
Que coloquem o mundo nas mãos e sejam capazes de domá-lo
com sabedoria, generosidade e paz na alma.
E que nunca esqueçam do caminho de volta,
caso queiram ainda untar sua vida no nosso colo,
sempre aquecido à sua espera.