Viajando na rotina
Entre uma reflexão ainda que rasa e um julgamento fulgaz, a segunda opção prevalece e não nos damos conta do prejuízo causado, nem tão pouco sofrido.
A rotina, ainda que criticada é, exatamente o que nos mantém na linha de equilíbrio, é ela uma espécie de termômetro capaz de nos manter atentos aos passos que demos e daremos, liberando uma pequena descarga de sentimentos de alerta ao primeiro indício de uma derrapada que pode nos empurrar para fora da linha mentalmente traçada.
Acordar a cada manhã, tomar o banho, o café, escolher a roupa e o sapato confortável tanto para desenvolver as atividades previstas, quanto para sobreviver ao tempo que pode mudar em questão de segundos, mas estamos atentos, essa é nossa rotina e sobrevivemos a ela por acreditarmos que a dominamos.
Na saída, o destino é o trabalho, o coletivo a ser esperado é sempre conhecido, pode ser aquele conduzido por pessoas simpáticas, aparentemente tranquila e atenta ao trânsito, ciente de que carrega a responsabilidade da sua vida, dos pedestres e passageiros, ou pode ser aquele condutor que desce uma ladeira como se desejasse romper a barreira do som e o ponto de ônibus é apenas um obstáculo a ser vencido.
Ele passa, para cerca de cem metros à frente, não pelo fato de passageiros desejarem entrar, mas pela obrigação de liberar uma senhora que reclamando a falta de atenção precisava chegar a seu destino. Vem o insigth, “não devo correr para fazer esta viagem”, mas ficaria sozinha no ponto, pois as duas outras pessoas que o aguardavam correram a prova de cem metros sem obstáculos para seguir o percurso, fiz o mesmo, lembrei do efeito manada, me senti um animal irracional diante de um bando que se formava e descemos ladeira abaixo, ele, o condutor nos espiava via retrovisor, era nítido o desconforto gerado, brinquei com a colega, ele corria tanto que seria provável que em poucos minutos já estaria retornando do trabalho tamanha rapidez empregada, ele nos ouvia, desceu a ladeira, continuou a nos observar, o sinal estava fechado o que o obrigaria parar na curva, aguardando seu momento de acesso à via, mais uma vez nossos olhares se cruzaram no retrovisor, ele invadiu o sinal por volta das sete e cinquenta da manhã, alí na Cônego Pereira, em frente a feira de hortifruti ou como os mais antigos costumam dizer, em frente a antiga rodoviária, o susto foi gigantesco para os passageiros, tentei observar o motorista que seguia respeitando a sinalização, era um pequeno carro de entregas e um carro de passeio, desviei completamente o olhar para fora, desejei que nada de ruim ocorresse, em fração de segundos uma idoso que pretendia saltar exatamente aproveitando o momento da sinaleira fechada e não se deu conta da invasão do sinal bradava que ele poderia ter parado e ele respondia grosseiramente, indicava o número de ordem que ela deveria informar ao ligar para a empresa, o horário do ocorrido e a linha 0342, sem parar de bradar continuou dirigindo.
Quem sabe se estava com fome, se desejava que a empresa o demitisse, se estava apenas num dia ruim, embora ouvíamos os comentários de que ele era acostumado a agir daquela forma.
Respirei fundo, me despedi da vizinha que estava naquela condução, solicitei o ponto, aguardei a parada, olhei para o condutor, sorri, desejei bom dia e agradeci com um muito obrigada, afinal de contas eu escapei com vida, atravessei a rua, peguei um outro veículo e segui para a minha rotina de trabalho matinal.
Entre uma reflexão ainda que rasa e um julgamento fulgaz, a segunda opção prevalece e não nos damos conta do prejuízo causado, nem tão pouco sofrido.
A rotina, ainda que criticada é, exatamente o que nos mantém na linha de equilíbrio, é ela uma espécie de termômetro capaz de nos manter atentos aos passos que demos e daremos, liberando uma pequena descarga de sentimentos de alerta ao primeiro indício de uma derrapada que pode nos empurrar para fora da linha mentalmente traçada.
Acordar a cada manhã, tomar o banho, o café, escolher a roupa e o sapato confortável tanto para desenvolver as atividades previstas, quanto para sobreviver ao tempo que pode mudar em questão de segundos, mas estamos atentos, essa é nossa rotina e sobrevivemos a ela por acreditarmos que a dominamos.
Na saída, o destino é o trabalho, o coletivo a ser esperado é sempre conhecido, pode ser aquele conduzido por pessoas simpáticas, aparentemente tranquila e atenta ao trânsito, ciente de que carrega a responsabilidade da sua vida, dos pedestres e passageiros, ou pode ser aquele condutor que desce uma ladeira como se desejasse romper a barreira do som e o ponto de ônibus é apenas um obstáculo a ser vencido.
Ele passa, para cerca de cem metros à frente, não pelo fato de passageiros desejarem entrar, mas pela obrigação de liberar uma senhora que reclamando a falta de atenção precisava chegar a seu destino. Vem o insigth, “não devo correr para fazer esta viagem”, mas ficaria sozinha no ponto, pois as duas outras pessoas que o aguardavam correram a prova de cem metros sem obstáculos para seguir o percurso, fiz o mesmo, lembrei do efeito manada, me senti um animal irracional diante de um bando que se formava e descemos ladeira abaixo, ele, o condutor nos espiava via retrovisor, era nítido o desconforto gerado, brinquei com a colega, ele corria tanto que seria provável que em poucos minutos já estaria retornando do trabalho tamanha rapidez empregada, ele nos ouvia, desceu a ladeira, continuou a nos observar, o sinal estava fechado o que o obrigaria parar na curva, aguardando seu momento de acesso à via, mais uma vez nossos olhares se cruzaram no retrovisor, ele invadiu o sinal por volta das sete e cinquenta da manhã, alí na Cônego Pereira, em frente a feira de hortifruti ou como os mais antigos costumam dizer, em frente a antiga rodoviária, o susto foi gigantesco para os passageiros, tentei observar o motorista que seguia respeitando a sinalização, era um pequeno carro de entregas e um carro de passeio, desviei completamente o olhar para fora, desejei que nada de ruim ocorresse, em fração de segundos uma idoso que pretendia saltar exatamente aproveitando o momento da sinaleira fechada e não se deu conta da invasão do sinal bradava que ele poderia ter parado e ele respondia grosseiramente, indicava o número de ordem que ela deveria informar ao ligar para a empresa, o horário do ocorrido e a linha 0342, sem parar de bradar continuou dirigindo.
Quem sabe se estava com fome, se desejava que a empresa o demitisse, se estava apenas num dia ruim, embora ouvíamos os comentários de que ele era acostumado a agir daquela forma.
Respirei fundo, me despedi da vizinha que estava naquela condução, solicitei o ponto, aguardei a parada, olhei para o condutor, sorri, desejei bom dia e agradeci com um muito obrigada, afinal de contas eu escapei com vida, atravessei a rua, peguei um outro veículo e segui para a minha rotina de trabalho matinal.