FECHA ESTA TRAMELA!
Lá vinha Dona Laila, quando alguma coisa dita, não era de seu gosto e a punha em riste como se um florete lambesse o próprio nariz.
A criançada dava risadas e de longe tentava imitá-la sussurrando:
- Fecha esta tramela, lalá, lalá!
Laila não havia passado do terceiro ano primário, mas dizia-se com o ginásio, sempre tentando desbancar a mulherada da rua, dando pequenos pitacos no linguajar da próxima.
Enquanto ela vivia fechando a tramela da vizinhança, o filho mais velho tagarelava de tudo um pouco, parecendo um comentarista de rádio emissora de 1 quilowatts.
No aniversário do pastor o garoto exacerbou-se em elogios ao representante de Deus e dando-lhe como vocacionado em salvar almas, coisa que materializou citando o marido de Dona Ophelia, como liberto do vício da carpeta e da bebida, por obra do mediador divino.
Ophelia indignou-se tratando o garoto com o remédio de costume de sua mãe:
- Feches esta taramela menino, não diga bobagens! - disse ela.
- Hahaha! - riu Laila, e num som quase gutural, criticou a taramela de Ophelia, como se a tramela dela fosse a correta.
O pastor como sempre, dentro de sua calma e espirito conciliador, ajeitou as duas trancas, explicando que o certo era tratar o acessório de segurança das portas e janelas como taramela, assim como as bocas que falam asneiras, mas se diferente fosse não era pecado.
Aos que falam asneiras, podem continuar de taramela aberta, pois segundo o pastor, não haverá cobranças vindas dos céus!