ANIMAIS COMO VILÕES NA LITERATURA

Há duas "espécies" animais vítimas da "pena", tubarões e lobos. Uma calúnia engendrada para moldar um vilão fácil; isso compromete a ação do biólogo e professor de Biologia que intentem lutar pela manutenção deles, o mesmo dá-se com cobras. Oras, há uma multiplicidade de espécies de lobos, tubarões e cobras... é difícil entender e mesmo desenvolver empatia, afinal, entre nós homens não há outra espécie, as que havia extinguiram-se há milênios ou mais, não corremos riscos de que nossos atributos sejam confundidos com os dos neandertais, por exemplo.Por conseguinte, lobos, tubarões e cobras sofrem estigmas devido a uma generalização nominal e a Literatura e a tradição oral não colaboram.

O animal sofre "licenças poéticas" na Literatura, nela transcendem seus papéis de animais, adquirem características humanas ou até mesmo demoníacas: o cachalote Moby Dick é um demônio; a chimpanzé Chita do Tarzan só falta falar... Cobras, tubarões e lobos perseveram no mal... na Bíblia a cobra é Satanás e em todos os textos tubarões e lobos surgem como verdadeiros demônios assassinos, e o que há de mais assustador é mesmo a perseverança no mal, desobedecem padrões morais, não sentem culpa ou remorso nem melhoram, encarnam a animalidade, a nossa própria animalidade, que incomoda tanto ao ponto de precisarmos recorrer a metáforas e alegorias para abordá-la com menos desconforto.

Para o ambientalista, essa visão estereotipada do animal é nociva, anos atrás um tubarão - fêmeo grávido encalhou em uma praia do Rio,

Causou pânico e foi morto a pauladas; era de uma espécie inofensiva ao homem, morreu prestes a dar a luz. Animais não podem sofrer juízos morais, o "maldoso" tubarão existe a mais de 400 milhões de anos, o que não impediu o florescimento e proliferação de bilhões de outras espécies no ambiente marinho, muitas das quais foram e são suas presas.Eles apenas não dificultaram como favoreceram essas proliferações, eliminando os espécimes menos aptos. Quem o calunia, em muito menos tempo de coexistência na Terra, causa mais extinções, inclusive a dos prórios tubarões.