O Viajante e a Freira
Este causo verdadeiro ocorreu na áurea década de 60 do século XX! O representante comercial Formiga viajava pelo interior do Rio Grande do Sul levando as novidades do laboratório que representava até os consultórios dos médicos nas mais distantes cidadezinhas. Ele tinha o seu itinerário determinado e ali recolhia as encomendas, levava as amostras grátis, fazia sua propaganda.
Certa feita, num desses vilarejos, onde o diabo perdeu as botas, ele passava na farmácia mantida por freiras de uma congregação ligada à paróquia local. Ele ficou tristonho ao saber que a freirinha generosa e simpática que sempre o atendia havia falecido. Outra freira, mais jovem, tomara seu lugar. Sempre alegre e sorridente, o Formiga passaria então a lidar com essa nova Irmã que o recebeu igualmente sorridente.
Nesta rota, o Formiga passava de três em três meses. For aí que três meses depois, quando retornou à farmácia da paróquia do vilarejo onde o diabo não tinha mais botas, para entregar as encomendas, que o Formiga passou por grandes apuros! Quando o viu adentrar pela porta de sua farmácia, a nova freira recebeu-o abrindo um largo sorriso. Largo demais... Ao aproximar-se do balcão com sua pasta, o Formiga percebeu que a Irmã o encarava com um brilho estranho no olhar. Embora ele não fosse católico, respeitava por demais as freiras e seus trabalhos cristãos.
Contudo, essa freira em particular o encarava de uma maneira nada santa. O Formiga ficou sem jeito e meio paralisado. Até que a freira não se conteve e o abraçou, querendo beijá-lo a todo custo. Apavorado, sem querer machucá-la, mas ao mesmo tempo tendo que usar de uma certa força para se desvencilhar daquele abraço nada angelical... o Formiga saiu da farmácia de marcha ré! Esbaforido e ainda sentindo o abraço da Irmã...
Pediu sua transferência na firma para outro itinerário. Chegando a casa, contou para a esposa. “Baixinha! (apelido que lhe dera por ela ser um ou dois centímetros mais alta do que ele) Tu nem sabes, a freira mal me viu e já quis me agarrar, veio pra cima de mim toda empolgadona!”
“E tu resististe à tentação?”
“Bah, nem fala, nem fala... vim correndo aqui para os teus braços!” O Formiga fechou os olhos tentando apagar da mente a lembrança da freira esfogueada.
*Esta é uma história real da época em que o meu pai era viajante comenrcial pelo interior do RS!