Parabéns!

Respiro fundo e fecho os olhos, está na hora de apagar as velas.

A melancolia daquele momento me fez soprar com todo o meu ser, precisava apagar as velas, talvez aquele sopro pudesse levar consigo as lembranças do ano que se passou, mais um ano de vida.

Espero ansiosa pelo meu aniversário, um dia por ano celebram o meu nascimento, na verdade, não celebram de fato, é uma obrigação social felicitar alguém pelo seu aniversário, deixou de ser algo sincero para se tornar ensaiado, mas ainda procuro pelas felicitações vazias, pelas mensagens dos meus amigos, pelo abraço dos meus pais que fingem se orgulhar de mim por um dia, pelos presentes que nunca vou usar, mas sou grata mesmo assim.

Especialmente, este ano ficarei ainda mais decepcionada, o meu Eu de dez anos de idade se imaginava aos dezoito bem-sucedida, aquela garota de dez anos chora enquanto tenta entender o que eu fiz com a vida dela, a nossa vida.

Para quem é o primeiro pedaço? Com quem será que ela vai casar? Fez um pedido? Gostou do presente? Uma cerimônia baseada em perguntas, me sinto tão confusa quanto o primo de quarto grau que finge me conhecer para comer uns docinhos.

A festa acaba. Limpo a casa. Choro até o dia seguinte. Não é mais meu aniversário, posso respirar tranquila.

Brenda Nascimento
Enviado por Brenda Nascimento em 06/07/2019
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