O filósofo grego Aristóteles, dizia que a virtude está no meio. Logo, se traduzidas ao pé da letra as expressões, a virtude seria o ponto de equilíbrio entre os extremos. Se nas relações de convivência, com base na ideia de que “nenhum homem é uma ilha” fosse aplicada a razão e a emoção como extremos, o equilíbrio estaria no muro que separa uma da outra? Filosofia pura apenas para engatar primeira na engrenagem que nos levará à conclusão. Já o físico Albert Einstein, afirmou com maestria: “o meu ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado”. Numa junção quase perfeita entre os pensadores teríamos numa tradução simples: Entre os muros, melhor ficar sobre ele e veneração só de deuses egípcios antigos. Mas vamos ao que interessa, porque quem prosa tem pressa.
 
No Brasil, temos a ilusória convicção de que as soluções para os problemas políticos é um "salvador da pátria". Com nome, sobrenome, endereço completo, religião, profissão e uma família tradicional do Código Civil de 1916. Sempre buscamos heróis para defender nossos direitos, sem contudo, nos fartar da democracia, de fato.

É a democracia, aquela exercida pelo voto direto, que faz com que sejamos representados nos órgãos tidos como "construtores". Mas estamos há anos luz de distância, afinal se todos os representantes do povo, no Distrito Federal, fossem abduzidos numa segunda-feira à tarde, pelos ET’s de Varginha,  ainda sim, ao colocarmos outros para nos representar, continuaríamos no mesmo caminho: lideranças nocivas e venenosas. Raras exceções, a corrupção é uma doença perniciosa (quer por status ou poder) que está dentro de nossas casas. Ou não temos algum laço direto ou indireto com quem nos representa? Isso quando a consanguinidade não dita a regra, mas enfim, constatações.

O primeiro passo é resgatar a palavra honestidade em sua raiz, despedir a nossa hipocrisia e partir para a luta (que não se restringe à luta de classes). Num país em que um caso específico de julgamento sobre aborto toma as páginas das redes com uma campanha pró vida de alcance mundial, mas que não se move, um dedo, ao mínimo, para salvaguardar os direitos daqueles que estão em vulnerabilidade social, perdeu uma oportunidade de ascensão, de construção, de materialização dos direitos. Perdeu identidade (se é que tinha).

Fazendo uma análise fria e calculista da Constituição da República Federativa de 1988, em seu artigo 5° de modo especial, chego a conclusão que as leis que deveriam ser uma garantia da aplicação da justiça e da equidade, são instrumentos vorazes e assassinos nas mãos de nossos governantes. E antes que alguém ouse dizer que as coisas são diferentes, já vou ligo dizendo: a democracia é insana quando o povo subestima a sua capacidade e insiste em buscar super heróis. Super Homem que o diga, é só trazer a kriptonita! Todo mundo tem um ponto fraco.

A democracia representativa é um sistema de governo vulnerável, porque se estabelece por meio do voto, uma relação tênue entre o que importa ao outro e o que me importa. E como somos humanos, a nossa racionalidade sempre aponta nosso umbigo.

Ir pra rua é uma provocação (provoca ação), mas o verbo tem que mudar a ação, ir pros plenários, prefeituras, os ministérios. Como passivos ou ativos. Cobrar a dívida, sim. Mas antes, contudo, pagar o que deve ou renegociar, porque a palavra deve voltar ao seu lugar de origem: compromisso de honra. Tudo começa lá em casa! Ou você burla a legislação pra não perder a carteira de motorista passando os pontos pra um motorista que dirige pouco e acredita que a corrupção é do do deputado? Então, ok!

Desculpem-me, os mais polidos, mas soltando o verbo, o extremismo por si só, sem a isenção necessária para olhar sob vários ângulos, transforma a pessoa num mero robô programado para ser manipulado por quem o criou. Discípulos pós-modernos de deuses fantasiosos presentes apenas nos fake news. 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 04/07/2019
Reeditado em 05/07/2019
Código do texto: T6688549
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