De volta pra o interior
Lembro muito bem quando via as fotos de Recife deslumbrada, sonhando com o dia em que finalmente conseguiria morar lá. Sempre fui louca por esse lugar, desde a época do ensino médio, mas finalmente consegui, tava quase no meio da faculdade, meti a cara e fui.
Foi de longe os tempos mais felizes da minha vida, arranjei um emprego logo em frente a um dos cartões postais mais lindos da cidade, sim a rua da Aurora, descia do BRT e cruzava aquela ponte do cinema São Luiz todo santo dia. Era um sonho! A tarde torrava meu pouco e suado dinheiro no centro da cidade e nos bares, sedenta por novas conexões e experiências, minha maior paixão era andar de ônibus e minhas paisagens preferidas eram a dos prédios misturados ao rio pelas pontes, meus olhos brilhavam pela janela.
Mas não sei porque essa intensa paixão morreu, pensei que iria durar até o fim minha vida, mas não, ela foi diminuindo até chegar em um certo desgosto, uma desilusão. Quando se está apaixonada, encantada, realmente a gente se fecha nessa bolha do deslumbre e se desliga da realidade. Recife sim é linda e continua encantadora, mas esconde em si mesma muita exploração e desigualdade, cão engolindo cão, se não somos de família influente ou concursados com ótimos salários , somos gado. Literalmente.
A maioria das pessoas são mecânicas e frias, mas em parte não as culpo, faz parte da engrenagem do cotidiano desse lugar, ou você segue a boiada, e surta ou pede pra sair. Então, tô pedindo pra sair.
Foram 3 anos de paixão intensa por esse lugar, mas enfim agora não importa mais, o bom é que fui feliz. Vou partir, logo mais estarei de volta ao meu agreste de alma nova, novamente em busca de novas conexões e experiências, acho que no fim das contas a vida é isso, buscar, conquistar, sentir e enjoar, e o ciclo vai girando feito um carrossel, boa definição: Carrossel! A vida é um carrossel.