Citações: por que não?
O inferno é o outro
J.P. Sartre
1. Dia desses, uma pessoa me disse, em tom de crítica, que minhas modestas crônicas são sempre recheadas de citações; e que meus textos têm frases aspeadas pra tudo que é lado.
Não dei bolas para a maldosa observação dessa pessoa que, por sinal, não é dada a boas leituras. Incapaz, portanto, de avaliar a importância e o valor de uma citação.
2. Vou continuar enriquecendo minhas simplórias páginas com o que de bom e significativo os outros dizem. No momento certo, uma boa citação. Uma só, não, muitas. Olha, há algum tempo, comprei "O livro das citações - Um breviário de ideias replicantes", do professor mineiro Eduardo Giannetti. Procuro-o sempre.
3. Disse Montaigne (1533-1592): "Não me inspiro nas citações; valho-me delas para corroborar o que digo e que não sei tão bem expressar, ou por insuficiência da língua ou por fraqueza do intelecto. Não me preocupo com a quantidade e sim com a qualidade das citações. Se houvesse desejado que fossem avaliadas pela quantidade teria podido reunir o dobro".
4. Sou um colecionador de citações. Anoto, nos caderninhos adquiridos para esse fim, o que dizem de bom e bonito, nos seus livros, os autores escolhidos pra minha leitura diária. Costumo sublinhar, com minha esferográfica vermelha, no próprio livro, as frases que me chamam a atenção. Meus livros são todos riscados. Há quem condene essa prática. Mas não sei ler sem riscar e anotar.
5. Creio que não estou errado, inserindo nas minhas crônicas, citações de mestres. Há cronistas, jornalistas, romancistas, contistas que se valem delas para dar mais brilho aos seus rabiscos. Usam-nas até para defender e confirmar assuntos e teses sobre os quais se debruçam.
6. O filósofo Mario Sergio Cortella, por exemplo, socorre-se de belas citações nos livros que escreve. No momento, leio, ao mesmo tempo, três dos seus livros: "Viver em paz para morrer em paz", "Por que fazemos o que fazemos" e "Felicidade foi-se embora?", este em parceria com Frei Beto e com o teólogo Leonardo Boff. Primorosos.
7. Portanto, meu caro amigo, não se acanhe ao inserir nos seus escritos citações que se fizerem justas e necessárias. Como não citar Schopenhauer (1788-1860): "Não há consolo mais refinado na velhice do que a sensação de ter concentrado toda a força de nossa juventude em obras que jamais envelhecerão".
8. Terêncio, dramaturgo romano do século II a.C, afirmou: "Nada é agora dito que não tenha sido dito antes". Pascal (1623-1662), Blaise Pascal escreveu: "Existem somente dois tipos de homens: os íntegros que se consideram pecadores e os pecadores que se consideram íntegros".
9. E os de casa? De Mario Quintana: "Amar uma mulher é habitá-la". De Machado de Assis: "O coração humano é a região do inesperado". De Cecília Meireles: "Cada um sabe de que são feitos os seus sofrimentos". De Humberto de Campos: "Dançar é rezar com as pernas".
De Olavo Bilac: "Por que hei de, em tudo que vejo, vê-la". De Nelson Rodrigues: "Amar é dar razão a quem não a tem". De Leonardo Boff: "Porque amamos as estrelas, não temos medo da noite escura". De Rachel de Queiroz: "Se você não é capaz de ter amigos, você é um erro da natureza".
10 . Impossível trazer para esta crônica todas as frases que colhi e guardei. Mas não queria fechar minha página, neste meu site, sem citar Santo Agostinho: "Ama e fazes tudo o que quiseres"; mais essa do Bispo de Hipona: "Só se envelhece quando se deixa de amar".
11. Feita a defesa do uso das citações, encerro, agora pra valer, com o mestre Josué Montello (1917-2006): "A citação nada mais é do que um pensamento coincidente em que a honestidade pôs um par de aspas".
12. Com o aval do autor de "Diário do Entardecer", sinto-me à vontade para continuar usando citações nas minhas pobres crônicas. Até porque, delas se salvarão, apenas, as citações que, de repente, lhe deram alma...
O inferno é o outro
J.P. Sartre
1. Dia desses, uma pessoa me disse, em tom de crítica, que minhas modestas crônicas são sempre recheadas de citações; e que meus textos têm frases aspeadas pra tudo que é lado.
Não dei bolas para a maldosa observação dessa pessoa que, por sinal, não é dada a boas leituras. Incapaz, portanto, de avaliar a importância e o valor de uma citação.
2. Vou continuar enriquecendo minhas simplórias páginas com o que de bom e significativo os outros dizem. No momento certo, uma boa citação. Uma só, não, muitas. Olha, há algum tempo, comprei "O livro das citações - Um breviário de ideias replicantes", do professor mineiro Eduardo Giannetti. Procuro-o sempre.
3. Disse Montaigne (1533-1592): "Não me inspiro nas citações; valho-me delas para corroborar o que digo e que não sei tão bem expressar, ou por insuficiência da língua ou por fraqueza do intelecto. Não me preocupo com a quantidade e sim com a qualidade das citações. Se houvesse desejado que fossem avaliadas pela quantidade teria podido reunir o dobro".
4. Sou um colecionador de citações. Anoto, nos caderninhos adquiridos para esse fim, o que dizem de bom e bonito, nos seus livros, os autores escolhidos pra minha leitura diária. Costumo sublinhar, com minha esferográfica vermelha, no próprio livro, as frases que me chamam a atenção. Meus livros são todos riscados. Há quem condene essa prática. Mas não sei ler sem riscar e anotar.
5. Creio que não estou errado, inserindo nas minhas crônicas, citações de mestres. Há cronistas, jornalistas, romancistas, contistas que se valem delas para dar mais brilho aos seus rabiscos. Usam-nas até para defender e confirmar assuntos e teses sobre os quais se debruçam.
6. O filósofo Mario Sergio Cortella, por exemplo, socorre-se de belas citações nos livros que escreve. No momento, leio, ao mesmo tempo, três dos seus livros: "Viver em paz para morrer em paz", "Por que fazemos o que fazemos" e "Felicidade foi-se embora?", este em parceria com Frei Beto e com o teólogo Leonardo Boff. Primorosos.
7. Portanto, meu caro amigo, não se acanhe ao inserir nos seus escritos citações que se fizerem justas e necessárias. Como não citar Schopenhauer (1788-1860): "Não há consolo mais refinado na velhice do que a sensação de ter concentrado toda a força de nossa juventude em obras que jamais envelhecerão".
8. Terêncio, dramaturgo romano do século II a.C, afirmou: "Nada é agora dito que não tenha sido dito antes". Pascal (1623-1662), Blaise Pascal escreveu: "Existem somente dois tipos de homens: os íntegros que se consideram pecadores e os pecadores que se consideram íntegros".
9. E os de casa? De Mario Quintana: "Amar uma mulher é habitá-la". De Machado de Assis: "O coração humano é a região do inesperado". De Cecília Meireles: "Cada um sabe de que são feitos os seus sofrimentos". De Humberto de Campos: "Dançar é rezar com as pernas".
De Olavo Bilac: "Por que hei de, em tudo que vejo, vê-la". De Nelson Rodrigues: "Amar é dar razão a quem não a tem". De Leonardo Boff: "Porque amamos as estrelas, não temos medo da noite escura". De Rachel de Queiroz: "Se você não é capaz de ter amigos, você é um erro da natureza".
10 . Impossível trazer para esta crônica todas as frases que colhi e guardei. Mas não queria fechar minha página, neste meu site, sem citar Santo Agostinho: "Ama e fazes tudo o que quiseres"; mais essa do Bispo de Hipona: "Só se envelhece quando se deixa de amar".
11. Feita a defesa do uso das citações, encerro, agora pra valer, com o mestre Josué Montello (1917-2006): "A citação nada mais é do que um pensamento coincidente em que a honestidade pôs um par de aspas".
12. Com o aval do autor de "Diário do Entardecer", sinto-me à vontade para continuar usando citações nas minhas pobres crônicas. Até porque, delas se salvarão, apenas, as citações que, de repente, lhe deram alma...