Das Coisas Úteis
Uma das coisas que mais me incomoda em nossa vidinha cotidiana é essa mania que temos de nos ocupar das coisas úteis. Se determinado livro, ou série de TV prende demais a atenção deve-se evita-los para não se “viciar”. Se determinado filme é superficial porém divertido, não vale assistir. As crianças devem brincar com jogos educativos e aprender inglês desde cedo para se prepararem para o futuro. Os dias de viagem devem ser recheados de atividades para que não se perca um minuto e se conheça tudo da nova cidade. E as férias? Não se pode “gastá-las” assim, por qualquer coisa, ou se faz um curso que ajude na carreira ou uma viagem. Viagem que jamais deve ser claro, para um mesmo lugar. Seria perda de tempo.
Para onde, então, vai todo esse tempo economizado, me pergunto. E esse outro, despendido com as coisas úteis, realmente nos transforma em seja o que lá que queremos nos transformar? Entendo essa necessidade de usar bem o tempo. Afinal, ele passa muito rápido, e, verdade seja dita, está cada vez mais escasso. Mas, me pergunto, sabemos o que é realmente útil? Sabemos o que é útil para o currículo, para os amigos, para nossa família, etc. Mas, e pra nós mesmos?
Claro que não estou aqui defendendo o individualismo. De forma alguma. Muitas vezes, fazemos coisas pelo outro, por nossos laços de amizade, de amor, familiares, às vezes até, por laço nenhum, apenas pela a vontade de se doar por outra pessoa. Não estou dizendo também, que não se deva pensar no futuro. Mas, será que o que você sempre quis da sua vida foi ser diretor(a) de uma empresa? Ser funcionário público? Ser dona de casa? Não ser dona de casa?
Quantos casos já não ouvi de pessoas que ignoravam o que fazer de suas vidas quando “as crianças” casaram, quando se aposentaram e até, quando venceram aqueles 30 dias de férias e foram obrigadas a ficar em casa?
O problema não é a falta de tempo, mas o medo que temos de estar em contato conosco, de reconhecer o que é realmente importante para nós. Descubra quais são seus sonhos, nem que seja, para saber e não fazer nada com isso, não importa. O que importa é que decidir o que fazer do seu tempo deve ser uma escolha consciente e sua. Do contrário, você continuará fazendo coisas úteis... Úteis para esquecer quem você realmente é.