Armas
Trinta anos andamos desarmados!
Trinta anos reféns da escoria impiedosa,
De 22, 32,38 até rifles, escopeta ou mesmo granada.
Houve tempos suficiente para ensinar abraçar
Conscientizar a geração
Trazer reais ideais à nação
Trinta anos para ensinar, investir a compreender
Que somos seres da mesma espécie
Que valer mais, vallha-nos viver.
Foram trinta anos para projetar
Uma vida sem projétil.
E agora a festa acabou,
Não sou o José, não sou Severino, nem Policarpo
Longe de sê-los.
Houve tempo de sobra para nos ter ensinado.
Foram trinta anos sem armas!
E agora estou em guerrilha,
Por favor, não me ofereça à matar,
Não estreite os caminhos de nossas crianças,
É possível repensar novos caminhos,
Antes que outros trinta anos possam escapar
Viver a aventuras em surdinas, maracutaias, e armadilhas
Provocar guerra civil, será a saída?
Posso me alistar... ainda dá tempo de aprender?
Consiguirei montar o fuzil, e mirá-lo certeiramente
à mente dos dementes que mentem,
ou serei mais uma vez o refém.
construirei meu castelo em redomas,
vivendo a liberdade fechada,
nos condomínios em fachadas de luxo circunscrito.
Foram trinta anos de desarmamento
Real ou fictício, sem horas pra lamento.
Não me ofereça ilusão de que armar-me possa trazer-me a paz.
É decadência ingênua acreditar com veemência
Que voltarei ao velho oeste, ao bang bang e tiroteios
Que seremos pistoleiros.
Que política cretina é essa?
Que para se sanar do compromisso
De que segurança é investimento, do Estado obrigação!
Monta-se da euforia política, um coliseu
Entrega o país a gregos e troianos
Vestem-nos do mais puro desengano
De que estaremos salvos do perigo.
Combateremos o bandido de sangue.
Quando em bandidos; convertidos.