Katytabuyhabaanasavas

Eu me deparei com eles no meu jardim, pela manhã, não estavam ali na noite anterior, e posso afirmar que eu não os plantei.

Eram pequenos, muito pequenos, talvez um pouco pálidos, mas carregavam um sorriso, não eram hilários, nem patéticos, eram donos, e traziam no bojo, o sorriso mais aberto que jamais havia visto, contagiava.

Xifópagos, sem que qualquer cartilagem ou película os unisse, eram apenas almas gêmeas, se completavam e soavam em uníssono. Bastava olhar para eles, para saber que não existiriam se separados, eram partes de um todo.

A alegria de seus alforjes era, literalmente, contagiante, imediatamente incrustaram-se no enredo, na vida, e no elenco daquela casa, daquele jardim daquele mundo.

Eram sim ETs, não acredito que de outro planeta, pelo contrário, eu os via como peças de reposição, reboco, ou argamassa, que restaurassem mundos quebrados, onde quer que houvesse mundo quebrado, ou precisando de restauração.

Ela fazia guirlandas, ele dava formato aos arbustos, completavam a definição de jardim, que passava a ser um mundo em flores, um quadro emoldurado por avencas, e portas com mil samambaias para se esconder as chaves.

As raízes se fizeram salientes, e eram usadas como bancos, e naquele pequeno mundo, todos se sentavam nelas, para ver o sol se pôr, e falavam de sementes que um dia iriam brotar.

A vida ganhou novos contornos, não com os novos formatos dos arbustos, a vida ali ganhou novo perfil, definido pelo cinzel daqueles bem-vindos escultores.

Era uma manhã qualquer, quando eu lhes perguntei quem eram, e como se eu pudesse entender, responderam:

Katytabuyhabaanasavas.

Outra manhã veio, mas com ela eles não chegaram, nunca mais os vi, e me deixaram sem que eu pudesse entender, ou traduzir, aquela identidade. Quero acreditar que de onde vieram, todos entendiam como –Katy ama, e amará Savas, para sempre:

- Katytabuyhabaanasavas

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 23/06/2019
Reeditado em 23/06/2019
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