DIVAGAÇÕES NA MANHÃ DE INVERNO
Oito horas da matina !
As portas do meu local d e trabalho - já abertas - são olhares gigantes espiando a tez morena do asfalto molhado de cerração.
Uma "quase" garoa borrifa de mansinho a dormência da cidade neste começo de sábado , vazio ainda de vidas pelas alamedas.
Sentado numa banqueta alta, atrás do balcão , aspiro meu próprio cheiro , viajando em pensamentos , enquanto pelo rádio , "Phil Collins" embala minha quase sonolência.
As mãos em concha amparando-me este carão de bodega, fazem-me sentir um espectro a refletir sobre o dia a dia.
Mentalmente contabilizo a dobradinha da aspereza da vida e algumas compensações que fazem contrapartida neste "fluxo de caixa" em meu balancete.
Se financeiramente , a exemplo da grande maioria , sou um quase desastre , há que se levar em conta a constância das fantasiosas viagens que faço - na maionese, é claro - que nada mais são que o reverso da moeda, o fiel da balança, enfim...
[ A vida seria extremamente brutal sem esses " viajares " ]
Resignado , ajusto-me à contraproposta ainda que inspirações não quitem meus boletos.
"Phil " - este malvado - com sua voz endeusada vai conduzindo à mim e a trouxa de sonhos , pelos becos mais floridos da imaginação , ciente , " o Phil " , do estrago quando cair a ficha , quando a canção cessar o encantamento e o devaneio chegar ao fim.
Subitamente um toc -toc, num ruido seco e compassado vai ferindo a calçada e a moça esguia , de botas e casaco preto cruza frente as portas , altiva descendo a ladeira.
Saio de meu estado de contemplação, espreguiço-me e a sigo com os olhos.
Ela é agora tão somente um vulto de cabelos negros esvoaçantes quase engolido pela neblina ladeira abaixo.
[ Há um templo de consumismo à sua espera na cidade escondida de cerração, confabulo com meus botões ]
Do outro lado da rua , Valdomiro (o Bulka ) meu amigo, quase irmão e conselheiro a mais de seis décadas , esguicha a calçada.
Feito um invasor, acompanho-lhe o desempenho enquanto vasculho seus mais secretos pensamentos. Crio enredos para suas prováveis divagações.
A manhã fria de inverno retoca-se em espelho à espera do abraço aconchegante do sol de junho.
É vida que segue...
Clic no link abaixo para ouvir:
https://www.youtube.com/watch?v=FWNs5aPiEAI
Oito horas da matina !
As portas do meu local d e trabalho - já abertas - são olhares gigantes espiando a tez morena do asfalto molhado de cerração.
Uma "quase" garoa borrifa de mansinho a dormência da cidade neste começo de sábado , vazio ainda de vidas pelas alamedas.
Sentado numa banqueta alta, atrás do balcão , aspiro meu próprio cheiro , viajando em pensamentos , enquanto pelo rádio , "Phil Collins" embala minha quase sonolência.
As mãos em concha amparando-me este carão de bodega, fazem-me sentir um espectro a refletir sobre o dia a dia.
Mentalmente contabilizo a dobradinha da aspereza da vida e algumas compensações que fazem contrapartida neste "fluxo de caixa" em meu balancete.
Se financeiramente , a exemplo da grande maioria , sou um quase desastre , há que se levar em conta a constância das fantasiosas viagens que faço - na maionese, é claro - que nada mais são que o reverso da moeda, o fiel da balança, enfim...
[ A vida seria extremamente brutal sem esses " viajares " ]
Resignado , ajusto-me à contraproposta ainda que inspirações não quitem meus boletos.
"Phil " - este malvado - com sua voz endeusada vai conduzindo à mim e a trouxa de sonhos , pelos becos mais floridos da imaginação , ciente , " o Phil " , do estrago quando cair a ficha , quando a canção cessar o encantamento e o devaneio chegar ao fim.
Subitamente um toc -toc, num ruido seco e compassado vai ferindo a calçada e a moça esguia , de botas e casaco preto cruza frente as portas , altiva descendo a ladeira.
Saio de meu estado de contemplação, espreguiço-me e a sigo com os olhos.
Ela é agora tão somente um vulto de cabelos negros esvoaçantes quase engolido pela neblina ladeira abaixo.
[ Há um templo de consumismo à sua espera na cidade escondida de cerração, confabulo com meus botões ]
Do outro lado da rua , Valdomiro (o Bulka ) meu amigo, quase irmão e conselheiro a mais de seis décadas , esguicha a calçada.
Feito um invasor, acompanho-lhe o desempenho enquanto vasculho seus mais secretos pensamentos. Crio enredos para suas prováveis divagações.
A manhã fria de inverno retoca-se em espelho à espera do abraço aconchegante do sol de junho.
É vida que segue...
Clic no link abaixo para ouvir:
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