Não ao saber
Prof. Edson Gonçalves Ferreira (Ms)
A Educação é para todos, mas não é verdade que quem tem curso superior seja mais competente que um profissional que optou por concluir um curso profissionalizante e, de maneira total, se realiza como ser humano, trabalhando em outras áreas, menos burocráticas. Todo serviço é digno e necessário e, só como exemplo, citamos o trabalho honesto de nosso pai que era um marceneiro exímio e, também, um músico fantástico, embora não tenha feito conservatório.
Assim, achamos que um pouco de prudência é necessário quando se fala de curso superior que, agora, parece que se tornou obrigação mortal para todos, como se todo mundo tivesse que fazer curso superior para se tornar mais competente. Que ele esteja aberto para todos é necessário, mas que todos tenham obrigatoriedade de fazê-lo não é verdade.
Somos a favor da democratização do saber, desde que se entenda que Saber não é e nunca foi privilégio e monopólio das universidades e das faculdades. Não consta que muitos gênios da humanidade passaram pelas portas delas como Jesus Cristo, Machado de Assis, Jean Genet, Jean Cocteau, entre outros.
Outro dia, um jovem conversava conosco e dizia que ia fazer vestibular para Astronomia numa faculdade de Divinópolis, cidade de 200 mil habitantes, em Minas Gerais. Na hora, respondemos também que o vestibular era no outro dia seguinte e que, até hoje, não temos ciência de que exista curso ou possa existir, pelo menos nos próximos 25 anos, de Astronomia em nossas faculdades.
Sim, muitos que chegam às faculdades e universidades, chegam tão aéreos quanto esse jovem que conversou conosco e que, na hora, parecia desconhecer até as leis da gravidade e a própria gravidade da sua fala ou seria gravidez?.... Muitos chegam nas universidades e faculdades voando, voando mais que astronautas no espaço e, de repente, nós, professores, temos que ficar mais enérgicos, porque a sala-de-aula, se não houver disciplina, vira tudo, menos sala-de-aula.
Uma conceituada professora, também médica, foi dar aula em uma faculdade e, depois, saiu apavorada ao ver que eles, os alunos, em grande parte, nada queriam aprender. Viu que eles, embora ela seja séria, continuavam o comércio em sala-de-aula de roupas, doces, etc. Desistiu da carreira.
Nós não, estamos na sala-de-aula e, enquanto houver esperança, vamos brigar por aquele(a) aluno(a) que queira aprender. Nós não aceitamos a banalização do saber. É preciso que nossos alunos sejam cobrados e conheçam, através da leitura, todos os autores, começando por um José Lins do Rego, passando por Guimarães Rosa e chegando aos grandes poetas da literatura universal.