MARCO INFANTIL
Estudava o ginasio no Jesuitas, ali na Rio Branco. Era um casarao antigo construido em parte pelos escravos libertos pela Lei do Ventre Livre. O Sr Raul Carapina era um deles. A entrada do colegio era magnanime com aquele corredor ladeado de gingantescas palmeiras imperiais. O reitor era o Pe. Gallejones, amigo do Guima, do Arte&Literatura do Diario Mercantil, e que mais tarde deixou a batina por um casamento e teve a coragem de nao sair da paroquia de JF. Foi morar no bairro Bom Pastor. Nao sei se ainda vive.
Lembro-me, com nenhuma possibilidade de esquecimento, de que pedi a minha mae para "matar a aula daquele dia" e em lugar ir para o Cine Central assistir ao filme Marcelino Pao e Vinho, que estava em lancamento em Juiz de Fora. Foi um pedido sem muita esperanca pois os pais da epoca nao adimitiriam trocar uma aula por um filme por pura diversao. Mas, surpreendentemente ela autorizou e tal autorizacao incluia a responsabilidade dela de chamar o diretor do colegio e explicar o motivo da ausencia requerida. E nao e' que ela o fez e mais surpreendente e' que o Pe. Gallejones aprovou o pedido sem maiores consequencias. E' claro q no dia seguinte respondi ao questionario de curisidades de quase a escola inteira. Mas, do bojo daquele dia trago comigo a ideia e a leve sensacao da liberdade permitida. Foi uma troca de valores ocorrida de forma oficial ( minha mae e o diretor ) da qual nunca mais me esqueci. Talvez, o meu gosto infinito pelo vinho ( e pelo pao ! ) tenha nascido naquele dia, naquela tarde no Cinema Central de Juiz de Fora.
Genin