No alto, o luar
Estamos no São João, quadra junina, tempo muito especial para o povo, para nós. Como alegre é este período. Sim, ficamos animados, felizes.
É a cultura popular, espontânea, de gente simples. Corações abertos, a se contaminarem uns aos outros. Sem limites – que maravilhosa é esta festa!
Saudoso, recordo a fase de garoto, ouvindo as músicas – forrós, baiões, a zabumba, os triângulos, sanfonas.
Gostava muito dos bois-bumbas. Gostava de verdade, e até sentia um pouco de medo.
O quebra-pote, pau-de-sebo, corrida de saco, as quadrilhas. As meninas – e seus vestidos coloridos. Pares a dançar, requebrar, mãos dadas. Bandeirinhas, foguetinhos, balões
E lembro de alguém, Ana Lúcia. Baixinha, bonitinha, ria bastante. Ela e eu dançávamos animadamente. À casa dela ia comer bolo de macaxeira com limonada, comer canjica, espiga de milho.
Quão maravilhoso fora o São João de outrora, dos tempos de adolescente, de menino passando à juventude.
Ana Lúcia e eu, nós dois, dançando, alegres. Nos abraçando, tomando mingau, comendo bolo
E lá em cima, no alto, as estrelas, o luar, o vento suave. E os amigos e amigas, tamanha espontaneidade. Era noite junina, o São João.
Que para trás ficou.
Lembro bem dessas noites, lembro bem de Ana Lúcia.