As alcovas do judiciário

O que se fala, ou se faz nas alcovas das casas e da vida, dificilmente tem testemunhas. Fica-se sabendo algo quando alguém que esteve por lá decide revelar segredos, o que dificilmente acontece. Resta-nos estar com os ouvidos abertos para filtrar o pouco que sai de lá, e filtrar o que se possa aproveitar.

Algumas coisas da nossa justiça me interessam desde sempre, pois pertenço a um grupo humano que sempre se sentiu injustiçado e por isso mesmo, algumas histórias jamais saíram da minha cabeça.

No inicio dos anos 1990, conheci um rapaz branco de aproximadamente 20 anos chamado Silvio na cidade de Diadema. Ele contou que quando tinha uns 12 anos, juntou-se com um grupo de meninos de mesma idade e passaram a fazer pequenos furtos nas redondezas até que num certo dia foram todos presos. Levados para a delegacia foram surrados pelos policiais e "preparados" para ser levados para uma das unidades da antiga FEBEM.

Antes da transferência, o delegado chamou Silvio pra conversar; falou que ele era um "menino bonito" e não entendia porque ele estava andando com aquela gente e que ele seria o único a ser liberado para voltar pra casa, mas que se cuidasse para não cair lá novamente. Foi quando o rapaz percebeu que ele era o único branco do grupo.

Há alguns anos foi lançado o filme brasileiro "Meu nome não é Johnny". Trata-se da historia verídica de um jovem da classe media carioca (João Guilherme Estrela) que se envolveu com drogas, acabou se tornando um traficante de luxo para a classe alta do Rio e internacional. Preso e condenado acabou sendo solto numa audiência de custodia quando uma juíza ficou penalizada ao saber que sua família estava colocando uma casa a venda para pagar advogados e acabou o soltando.

João Guilherme Estrela, Selton Melo e o diretor do filme, Mauro Lima estiveram no "Programa do Jô", quando o filme foi lançado e confirmaram os fatos.

No momento estamos convivendo com as conversas "grampeadas" de um juiz combinando com promotores como criar embaraços para a defesa do réu que se pretende condenar. Flagrado em conversas de "alcova", o ex- magistrado não confirma nem nega seu desempenho a frente deste imbróglio que tem mais cores de verdades que de mentiras.

O fato é que o Poder Judiciário dá mostras, desde há muito tempo, que tem seus preferidos e seus preteridos e assim seguirá até que haja uma enorme mudança no comportamento moral da sociedade.