Laço virtual
O homem moderno é cheio de informações, opiniões e indecisões. Considera-se dono do mundo, capaz de dominar todas as coisas, inclusive, quem nasce ou morre. Através de pesquisa cientifica, já é possível clonar um animal. Em muitos casos age como um “deus”, julgando e decidindo a vida de alguém. É detentor absoluto do conhecimento científico, empírico, teológico, tácito e filosófico. E dentro do conhecimento científico, a psicanálise e a psicologia tratam algumas patologias. Um, estuda o comportamento humano e tenta descobrir a causa; o outro, reduz o problema com medicamento. Mas ninguém é capaz de entrar na mente humana e desvendar os seus mistérios; ler os pensamentos e evitar os danos antes de acontecerem. Nesse sentido, ele é leigo, impotente e sensorial. Tudo é de acordo com as sensações, certeza, jamais. Não foi dado ao homem tal poder, a natureza humana é incontrolável, e não pode ser manipulada. Apesar de todo conhecimento, houve uma regressão das qualidades pessoais, a cegueira da ignorância e a valorização do eu deixou o sentimento de lado. O homem tornou-se mecanizado, insensível e robotizado. Valoriza o contato virtual em detrimento do pessoal. O sentimento ficou tão líquido que só reconhece o amor, o carinho e o respeito através das redes sociais e canais de bate-papo. Se um dos membros sair, acaba o vínculo. Essa tragédia anunciada é um colapso social, e a falta de tempo para o outro não pode ser compensada com as teclas. Nenhum laço afetivo é feito no campo tecnológico, nem regado com frases prontas e fotografias, mas com a reserva de um tempo de qualidade em favor do outro. O amor não está nos olhos, o respeito não se encontra nos dedos e a conexão não é via internet.