O QUE ACABA UMA HISTÓRIA A DOIS
Uma relação a dois, por mais forte que seja ou pareça, pode superar tudo, menos uma coisa.
Supera diferenças e indiferenças, supera emboscadas, supera traição. Supera facada verbal, desprezo, desamor. Supera loucuras, erros de percurso, supera até porrada na alma.
Uma relação a dois aguenta todas chicotadas do cotidiano, aguenta a senzala pra ganhar o pão, aguenta os filhos sugando a última gota de suor, aguenta tsunami um atrás do outro.
Tira tudo isso de letra.
Uma relação a dois aguenta pisarem na bola um montão de vezes, aguenta olharem e não se enxergarem, aguenta esquecerem o cheiro do outro, aguenta dilúvio, aguenta até Deus surtar.
Mas existe uma coisa que não consegue suportar, por mais esforço que um dos lados faça pra reverter o cenário. Sem chance.
Quando um se exaure do outro, já era.
Porque exaurir é bem diferente de se cansar, se enjoar, se fartar.
Exaurir é tudo isso junto, num balaio único, formando uma massa disforme, mas infinitivamente densa, infinitivamente nefasta. Infinitivamente letal.