Ecos do Passado (IV)

-- Conhecemos o universo da Vida após a Morte? Conhecemos, a posteriori, ou seja, com base em nossa experiência, o Mundo dos Mortos? O seu Reino (deles)? Podemos falar do que apenas suspeitamos ou, com base em uma cultura da tradição falada, cremos, existir sem, ao menos, termos uma breve indicação dessa existência? Eu vos responderei, Senhoras e Senhores, dessa forma: Não. Esse advérbio de negação aplica-se a cada pergunta que eu fiz. Há muita especulação -- nada contra elas. Ocorre, entretanto, que algumas especulações assume um aspecto dogmático, que acaba por atravancar o progresso da humanidade.

Eu, de minha parte, prefiro deixar, por ora, minhas especulações (dogmáticas ou não), para o âmbito de minhas publicações literárias. Para não correr mais riscos de dissertar sobre o que eu apenas imagino ser.

E, mudando um pouco de assunto, a linguagem humana, em geral, não é tão rica? Temos nomes até para coisas que não existem.

-- Se te referes ao Nada, bem, ele existe. Não tem um rosto, uma definição exata. Mas é reconhecido pela ausência (tal como o Silêncio, essa "palavra que não é uma palavra", como observou Georges Bataille.

-- Sim: o Silêncio. Esse mesmo. Que perpassa as Eras. Os corações humanos. Que antecede tempestades. Que perturba, por vezes, mais que seu oposto. Que dá uma ideia de Deus. Que é Obra Edificada na qual se sugere um momento à Reflexâo, ao exame de consciência, se somado à Solidão. Do passado vem os silêncios. Comprimindo-nos. Entre o presente e o futuro.

-- O que dizes convida a uma reflexão.

-- Tudo que dissemos convida a várias reflexões.