A Consciência de Zeno! - ''Dizeno'' o quê?

Ontem ela não estava camuflada!! As artificialidades que assiduamente cobrem-lhe a cara faziam-se ausentes. Não havia como saber se por impossibilidade ou por decisão. Mas era possível perceber, pela forma como interagia, que não estava tão segura de si. Não havia esplendor em seu olhar, nem encanto em seu sorriso: atributos sempre presentes, até então, em seu ser.

Como é possível permitir que a alma seja abalada por algo que nem pertence ao corpo, esse somenos invólucro?!

Perguntou-me se eu estava lendo algum livro e qual o seu título.

Fiquei surpreso por aquele interesse literário e, mesmo convicto de que ela não saberia do que se tratava, respondi-lhe : – A Consciência de Zeno.

Ela demonstrou, por meio de sua face destituída de artificialidades, que aguardava uma complementação da frase. Como não houve, e cansada de esperar, disse-me : - Sim!!! A Consciência “dizeno" o quê?!

Ainda que alguns gramáticos considerem um regionalismo a formação do gerúndio por meio da desinência “no'' em vez de “ndo'', confundir “ A Consciência de Zeno '' com “ a consciência dizeno'' me fez sentir um mal maior do que o que eu senti quando a vi despida das artificialidades!

Maikon Jekson, 25/06/2016

MAIKON JEKSON
Enviado por MAIKON JEKSON em 16/06/2019
Reeditado em 30/06/2019
Código do texto: T6674342
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