NOSSO PADRÃO NÃO É A VIDA DOS OUTROS.
Por que a realização do ser humano está no vizinho, no desconhecido, em outra pessoa e não na própria pessoa? Por que na cabeça dos outros e não no interior do ser humano está sua possível felicidade, ainda que um bem relativo? Qual a razão de sua mente ser guiada pelo reconhecimento alheio do que você tem, de suas posses, de seus bens? Responde-se, falta de estrutura do maior contingente humano, lamenta-se, por ausência de formação, despreocupação com valores interiores maiores, originadores da causação.
Sem anatematizar de forma genérica, são as razões dessa calamidade. Concorre paralelamente violenta destruição da personalidade integral. É a total falta de substância, vazio de conteúdo, um interior desertificado. Quem tem vida interior de nada mais precisa de que de suas próprias razões e reflexões que acatam e miram o respeito pelo próximo, sempre. E não se respeita o próximo quando não respeitamos a nós mesmos, pautando nossa vida pelo que os outros pensam, e não pelo que somos verdadeiramente.
Consumidos são os bens para os vizinhos verem, festejarem na inveja(?) a minha felicidade que mora na casa alheia, para que os amigos reconheçam meu avanço na fortuna, a conquista da prosperidade, inexistente, forçada a custo, por vezes, de dívidas insolúveis, tornadas insolventes no futuro, hoje configurando as famosas bolhas, inclusive nos países mais ricos. É o lastro para todos falarem sobre uma aparente prosperidade, falsa, mítica e destrutiva.Esse o grande objetivo, aparecer sem ser. Viver de gloríolas....
É a felicidade? Sim, para os que se satisfazem com a teatralidade da ficção, da aparência, no mais das vezes suportadas com graves prejuízos pessoais, desde a alimentação até outros básicos suportes existenciais. Quem tem posses e assiste a essa corrida, por vezes deixa de gastar o que pode para adquirir até mesmo o que deseja e não o faz para não parecer exibição, como um veículo que pouquíssimos podem ter, ou um bem de valor, para não se expor nesse universo configurado de desproporção, a futilidade de motivos traduzida na desproporção entre causa e efeito. Assiste pesaroso, entre o ser e a vontade de ser, o paradigma que desnivela a sociedade e a faz sofrer. Triste, mas veraz....