Se quiserem um texto formal tratando dos distúbios da mente humana, bem como, das características inerentes à criança desde o seu nascimento até à adolescência, com base nas funções neurológicas e psicossociais, sinto muito, mas pode descer nesta estação. O trem tem outro destino... Se não são favoráveis à veiculação de notícias tristes e de tragédias da vida real, acreditando que não vale a pena abordar estes temas, ao ponto seguinte, se restrinja. Apesar da importância dos conceitos científicos, no caso, e claro, se atendo a cada um deles, o foco desta crônica é a ação humana e suas consequências, num universo particular, onde a titularidade está a cargo da família e o reflexo na sociedade. E no cenário que se instala, de modo especial, no Brasil, se você não viu, nos últimos meses, ao menos um caso semelhante, você está entre os 2%.
O nome do menino era Rhuan Maycon, tinha apenas 8 anos de idade, morava em Samambaia, no Distrito Federal, com sua mãe e a companheira que tinha uma filha. Uma família cuja organização se enquadra nos novos conceitos do Código Civil. Diante dos parâmetos legais de constituição, nada de anormalidade nas formações familiares da atualidade até o pequeno (grande) garoto ser assassinado brutalmente pela mãe e pela companheira, no mês passado. Sim, pela mãe! Poderia ser pelo pai, pelo irmão, pelo vizinho, mas não, foi a progenitora. Não bastasse a crueldade do assassinato, 12 facadas dadas friamente, como quem corta uma carne animal (e no fundo era assim que o enxergava), sendo a primeira desferida quando ainda dormia, e as demais, logo após, quando então, o garoto se ajoelha ao lado da cama, como quem recorresse ao céus, suplicasse misericórdia, pedisse socorro, como quem não acreditasse que aquilo era real. Cena que engasga até em pensamento. Nó na garganta, choro entalado.
Apesar de todas as maldades descritas em levantamento policial, cometidas durante a prática, e não duvidando da capacidade humana de ser perverso ao extremo, o fato menos veiculado e mais forte deste episódio não está no fim que se assistiu como tragédia, quando a criança foi morta violentamente (talvez esssa fosse a sua libertação), sendo inclusive degolada, mas o que o fizeram antes, o que nele fizeram durante a vida curta. Ser menino era aberração, uma forma de provocar um ódio inexplicável, sem ter escolhido o próprio sexo, sem ter pedido para vir ao mundo. O orgão genital da criança foi brutalmente arrancado, sem nenhum socorro médico, e o menino foi obrigado a deixar o seu cabelo crescer para viver como se fosse uma menina. É tão assustadora a forma como a questão de gênero foi tratada que chega não só a chocar, mais ainda, a criar em nós um desejo de justiça, um certo ódio, e quando, neste caso, a prática vem especificamente de quem deveria guardar a criança, quem deveria tutelá-la, como fica então quem assiste?
Ouvi em choque a opinião de uma vizinha que ao ser entrevistada disse que as crianças eram impedidas de manter qualquer tipo de relacionamento com o externo, nem estudar podiam e eram usadas para a prática de golpes ainda não comprovados pela investigação.
Qualquer menção ao homicídio cruel, sem direito à defesa, de um ser inofensivo, que já vivia a dor de ser dilacerado no corpo, numa obrigação de ser mulher, como se isso rendesse mais, é dolorosa e trágico o seu fim.
As perguntas se sobrepoem absurdamente para compor um contexto para o qual não estamos preparados, embora saibamos da existência: como estas crianças foram escondidas durante todo este tempo? Os órgãos de defesa da criança não agiram?
Estamos doentes sim, sociedade! Quando vemos a vida como algo acessório, sem valor, que se contabiliza em números, e qualquer dividendo tem que ser apagado como se fosse uma imagem de um quadro, quando enfatizamos que a ideia de generalizar (o gênero) não é sadia, que as pessoas são pesos e refletem as psicoses e sentimentos mal vividos que se justificam como estopim da maldade, cuja aparição se dá na humanidade, desde os primórdios. Em sendo a mãe vítima de estupro pelo pai da criança ( alegações dela) o ódio pelo ser masculino a fez praticar uma atrocidade . Os 57 anos que possivelmente a separará da luz do sol não serão suficientes para acender esperança.
Não há palavra que transmita a dor, não há sentimento que seja expresso de modo aberto para sintetizar a situaçao calamitosa presente nas doentias relações de convivência, onde culpamos os outros pelos nossos infernos.
No fundo, queria gritar, chorar talvez, sobre aquele pedaço de madeira branco, mas, nesta tarde, saber que esta história é um conto de terror escrito como manifestação literária da criatividade humana, sem nenhum cunho com a verdade, uma ilusão, traria alento para um coração reticente. Mas não é! Ao Rhuan, um minuto de silêncio. Para nós, a certeza de que nada valemos. E que, muitas vezes, a nossa inércia e falta de empatia poderá interagir com o universo para aumentar as estatísticas.
"E se Ele recruta anjos, sabe bem de onde vem, não pode deixar sozinho, quem só ama e nada além. E nas asas dele cortadas, em cada maldade vivida e em cada lágrima derramada, a dor da humanidade que parecia anestesiada. Não era dele este mundo, onde o amor ficou na lata de lixo ou na churrasqueira acesa para queimar o corpinho, coração se encheu de bicho e o parasita o comeu. Não pode haver no mundo, algo mais profundo, que seu encontro com Deus. Adeus! Há Deus? Ah, Deus...”
O nome do menino era Rhuan Maycon, tinha apenas 8 anos de idade, morava em Samambaia, no Distrito Federal, com sua mãe e a companheira que tinha uma filha. Uma família cuja organização se enquadra nos novos conceitos do Código Civil. Diante dos parâmetos legais de constituição, nada de anormalidade nas formações familiares da atualidade até o pequeno (grande) garoto ser assassinado brutalmente pela mãe e pela companheira, no mês passado. Sim, pela mãe! Poderia ser pelo pai, pelo irmão, pelo vizinho, mas não, foi a progenitora. Não bastasse a crueldade do assassinato, 12 facadas dadas friamente, como quem corta uma carne animal (e no fundo era assim que o enxergava), sendo a primeira desferida quando ainda dormia, e as demais, logo após, quando então, o garoto se ajoelha ao lado da cama, como quem recorresse ao céus, suplicasse misericórdia, pedisse socorro, como quem não acreditasse que aquilo era real. Cena que engasga até em pensamento. Nó na garganta, choro entalado.
Apesar de todas as maldades descritas em levantamento policial, cometidas durante a prática, e não duvidando da capacidade humana de ser perverso ao extremo, o fato menos veiculado e mais forte deste episódio não está no fim que se assistiu como tragédia, quando a criança foi morta violentamente (talvez esssa fosse a sua libertação), sendo inclusive degolada, mas o que o fizeram antes, o que nele fizeram durante a vida curta. Ser menino era aberração, uma forma de provocar um ódio inexplicável, sem ter escolhido o próprio sexo, sem ter pedido para vir ao mundo. O orgão genital da criança foi brutalmente arrancado, sem nenhum socorro médico, e o menino foi obrigado a deixar o seu cabelo crescer para viver como se fosse uma menina. É tão assustadora a forma como a questão de gênero foi tratada que chega não só a chocar, mais ainda, a criar em nós um desejo de justiça, um certo ódio, e quando, neste caso, a prática vem especificamente de quem deveria guardar a criança, quem deveria tutelá-la, como fica então quem assiste?
Ouvi em choque a opinião de uma vizinha que ao ser entrevistada disse que as crianças eram impedidas de manter qualquer tipo de relacionamento com o externo, nem estudar podiam e eram usadas para a prática de golpes ainda não comprovados pela investigação.
Qualquer menção ao homicídio cruel, sem direito à defesa, de um ser inofensivo, que já vivia a dor de ser dilacerado no corpo, numa obrigação de ser mulher, como se isso rendesse mais, é dolorosa e trágico o seu fim.
As perguntas se sobrepoem absurdamente para compor um contexto para o qual não estamos preparados, embora saibamos da existência: como estas crianças foram escondidas durante todo este tempo? Os órgãos de defesa da criança não agiram?
Estamos doentes sim, sociedade! Quando vemos a vida como algo acessório, sem valor, que se contabiliza em números, e qualquer dividendo tem que ser apagado como se fosse uma imagem de um quadro, quando enfatizamos que a ideia de generalizar (o gênero) não é sadia, que as pessoas são pesos e refletem as psicoses e sentimentos mal vividos que se justificam como estopim da maldade, cuja aparição se dá na humanidade, desde os primórdios. Em sendo a mãe vítima de estupro pelo pai da criança ( alegações dela) o ódio pelo ser masculino a fez praticar uma atrocidade . Os 57 anos que possivelmente a separará da luz do sol não serão suficientes para acender esperança.
Não há palavra que transmita a dor, não há sentimento que seja expresso de modo aberto para sintetizar a situaçao calamitosa presente nas doentias relações de convivência, onde culpamos os outros pelos nossos infernos.
No fundo, queria gritar, chorar talvez, sobre aquele pedaço de madeira branco, mas, nesta tarde, saber que esta história é um conto de terror escrito como manifestação literária da criatividade humana, sem nenhum cunho com a verdade, uma ilusão, traria alento para um coração reticente. Mas não é! Ao Rhuan, um minuto de silêncio. Para nós, a certeza de que nada valemos. E que, muitas vezes, a nossa inércia e falta de empatia poderá interagir com o universo para aumentar as estatísticas.
"E se Ele recruta anjos, sabe bem de onde vem, não pode deixar sozinho, quem só ama e nada além. E nas asas dele cortadas, em cada maldade vivida e em cada lágrima derramada, a dor da humanidade que parecia anestesiada. Não era dele este mundo, onde o amor ficou na lata de lixo ou na churrasqueira acesa para queimar o corpinho, coração se encheu de bicho e o parasita o comeu. Não pode haver no mundo, algo mais profundo, que seu encontro com Deus. Adeus! Há Deus? Ah, Deus...”