DETONANDO O GATILHO QUE NOS DETONA
Todos nós não passamos de um mero baú de sentimentos.
Guardamos sentimentos lindos, nobres, louváveis, exemplares, dignos de mérito e aplausos efusivos ao lado dos seus irmãos execráveis, repugnantes, da pior qualidade e espécie.
O que nos mantêm vivos é a capacidade de misturá-los, formando uma simbiose curiosa, até grotesca e bizarra algumas vezes.
Muitos deles são velados, tímidos, adoram ficam na penumbra das sensações, se fazendo passar por inofensivas peças desse baú imaginário.
Mas basta um gatilho pra virarem besta-fera, liberando uma capacidade com brutal efeito destrutivo, deixando boquiabertos a gente mesmo e o que estiver no entorno.
Esses sentimentos são nossos maiores inimigos, os que colocam relações, histórias vividas e intenções num lodo fétido, não deixando pedra sobre pedra, arrasando tudo e todos sem a menor compaixão,
sem o menor respeito.
Essa é a nossa natureza, fomos feitos desse jeito, não dá pra fugir disso.
O que dá pra tentar fazer, minimizando os efeitos desse tsunami inevitável, é identificar os tais gatilhos que dão alforria a esses sentimentos tão nocivos que deixamos bem guardados em algum canto da gente.
Daí na hora de serem acionados pra detonarem tudo, conseguimos segurá-los pelas pernas, impedindo de funcionar.
Se isso der certo uma vez, bingo!
Faremos isso toda vez em que teimarem dar o ar da graça e daí vamos poder ter uma vida de paz, sem grandes sobressaltos ou surpresas hiper desagradáveis.
Esse trabalho de prontidão pra evitar o acionamento dos gatilhos é vitalício.
Até quando já estivermos bem gagás, caindo aos pedaços, não segurando mais nem o próprio xixi, esses gatilhos estarão mais jovens e vivos do que nunca, fazendo seu estrago habitual de sempre.
Só que nessa época, tudo de horror que falarmos ou fizermos não passará de loucura da cabeça de inofensivo velho caindo aos pedaços, que já não merece mais ser levando em conta por ninguém.
Sorte nossa.