No senso comum, magia e bruxaria estão numa certa relação de sinonímia. Apesar de que a magia seja colocada num patamar mais elevado e nobre. E pode ser tanto perigosa como terrível, mas jamais se torna desprezível.
Afinal, nasce nosso desprezo diante do engano ou da mentira, o que acontece muitas vezes. Há magia natural e outra cerimonial ou ritualística.
E desde o século XIII havia pensadores cristãos que zelosos defendiam sua ortodoxia, mas também, estavam interessados em decifrar a ciência da natureza que embuíd tantas relações com o pensamento mágico.
A maior magia que conheço é o amanhecer e o entardecer com sua paleta de cores e, sobretudo, com acordar do metabolismo humano. Há ainda os que distinguem a baixa magia da alta magia, sendo a primeira considerada vulgar ou terrena enquanto a segunda seria celestial e divina.
Em verdade, todas as distinções a respeito da magia tem origem nobre. Refere-se ao De Civitate Dei ou do Divinatione Daemonium de Santo Agostinho, que acendeu a polêmica contra os gnósticos e discutia a distinção entre as duas formas de invocar espíritos e de dominar, através da sabedoria, a natureza ou de conhecer o futuro com a sua ajuda. Tais duas formas compõem a teurgia, ou seja, a arte de atuar com os deuses e goeteia que significa a arte de atuar com as coisas da terra, da matéria.
Segundo os gnósticos, em teurgia, estamos atuando apenas com espíritos bons, puros e superiores, com cerimômias purificadoras já atuando em goeteia, pelo menos, no nível teórico, significava coisa vergonhosa e perigosa sendo mesmo proibida. Quando entramos em contato com espíritos maus, inquietos e infelizes que exigiam sacríficos para se manifestarem e sempre gostam de coisas sujas. Afinal tais espíritos só desejam fazer o mal.
Santo Agostinho esclareceu que a goeteia é, mesmo, uma ciência diabólica e, de certa maneira a teurgia também. Porque os únicos espíritos que querem entrar em contato com os homens, sem a ordem de Deus, são espíritos maus.
A cultura medieval antes mesmo do Renascimento, se nutriu de literatura latina. E, os poetas latinos são verdadeiras autoridades, ou seja, sendo difícil recusar o que eles apresentam como fatos seguros e verdadeiros.
Por isso, Agostinho foi obrigado a construir uma extensa e complexa teoria teológica e demonológica para demonstrar que os prodígios mágicos são somentes enganos demoníacos.
Mas lembremos que o magus conhece as leis ocultas do universo, consegue ler o caminho das estrelas, sabe quais são as relações entre os planetas, as pedras preciosas e a alma humana, é, em resumo, um sábio.
Nem a história, nem a filosofia e nem a antropologia nos fornecem claras respostas quando avaliamos o fenômeno da magia ou da bruxaria.
Em espanhol bruja e o português bruxa são vocábulos utilizados em mesmo sentido que se usaram strega em italiano, sorciére em francês, witch em inglês, hexe em alemão e, todos esses vocábulos nos diferentes idiomas traduzem o que nos documentos latinos a partir do século XIII, se entendia por palavras como incantatrix ou malefica (as palavras strix ou striga se afirmaram, no sentido de mistério e mágica).
Registra-se que gregos e romanos possuem uma atitude diferente e, sem dúvida, há homens e principalmente mulheres que hábeis em controlar a natureza e o espírito humano.
E, desde as divinas Circe e Medeia 1, filhas do sol indo até as incantatrices das quais cogitou Virgílio, Horácio, Ovídio, Lucano, Stacio e Apuleio, a cultura clássica nos ofereceu fenômenos inteiros de bruxaria.
E, tudo isso é também chamado de carmem, ou então, cantus, ou seja, fórmula mágica, ou simplesmente maleficium, que significa em forma suavizada, mal feito ou crime.
1.1. Medeia é uma tragédia grega de Eurípedes, de 431 antes de Cristo. Onde é apresentado o retrato psicológico de uma mulher eivada de amor e ódio a um só tempo. Representa novo tipo de personagem na tragédia grega e situa-se como esposa repudiada e estrangeira perseguida, que se rebela contra o mundo rejeitando o conformismo tradicional.
Dona de uma fúria terrível, mata os filhos que teve com o marido para vingar-se dele e, ao mesmo tempo automortificar-se. Circe segundo a mitologia grega era uma feiticeira em versões racionalizadas do mito, sendo especialista em venenos e drogas. Também aparecia como uma deusa relacionada à feitiçaria, assim como sua mãe Hécate.
Circe é considerada a deusa da lua nova, do amor carnal, feitiçaria, encantamentos, sonhos precognitivos, maldições, vinganças, magias negras e bruxarias em geral.
Referências
AGOSTINHO, Santo. Cittá di Dio (De civitate Dei). São Paulo: Alba, 1973;
CARDINI, Franco. Magia e bruxaria na Idade Média e no Renascimento.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771996000100001 Acesso em 31.05.2019;
Afinal, nasce nosso desprezo diante do engano ou da mentira, o que acontece muitas vezes. Há magia natural e outra cerimonial ou ritualística.
E desde o século XIII havia pensadores cristãos que zelosos defendiam sua ortodoxia, mas também, estavam interessados em decifrar a ciência da natureza que embuíd tantas relações com o pensamento mágico.
A maior magia que conheço é o amanhecer e o entardecer com sua paleta de cores e, sobretudo, com acordar do metabolismo humano. Há ainda os que distinguem a baixa magia da alta magia, sendo a primeira considerada vulgar ou terrena enquanto a segunda seria celestial e divina.
Em verdade, todas as distinções a respeito da magia tem origem nobre. Refere-se ao De Civitate Dei ou do Divinatione Daemonium de Santo Agostinho, que acendeu a polêmica contra os gnósticos e discutia a distinção entre as duas formas de invocar espíritos e de dominar, através da sabedoria, a natureza ou de conhecer o futuro com a sua ajuda. Tais duas formas compõem a teurgia, ou seja, a arte de atuar com os deuses e goeteia que significa a arte de atuar com as coisas da terra, da matéria.
Segundo os gnósticos, em teurgia, estamos atuando apenas com espíritos bons, puros e superiores, com cerimômias purificadoras já atuando em goeteia, pelo menos, no nível teórico, significava coisa vergonhosa e perigosa sendo mesmo proibida. Quando entramos em contato com espíritos maus, inquietos e infelizes que exigiam sacríficos para se manifestarem e sempre gostam de coisas sujas. Afinal tais espíritos só desejam fazer o mal.
Santo Agostinho esclareceu que a goeteia é, mesmo, uma ciência diabólica e, de certa maneira a teurgia também. Porque os únicos espíritos que querem entrar em contato com os homens, sem a ordem de Deus, são espíritos maus.
A cultura medieval antes mesmo do Renascimento, se nutriu de literatura latina. E, os poetas latinos são verdadeiras autoridades, ou seja, sendo difícil recusar o que eles apresentam como fatos seguros e verdadeiros.
Por isso, Agostinho foi obrigado a construir uma extensa e complexa teoria teológica e demonológica para demonstrar que os prodígios mágicos são somentes enganos demoníacos.
Mas lembremos que o magus conhece as leis ocultas do universo, consegue ler o caminho das estrelas, sabe quais são as relações entre os planetas, as pedras preciosas e a alma humana, é, em resumo, um sábio.
Nem a história, nem a filosofia e nem a antropologia nos fornecem claras respostas quando avaliamos o fenômeno da magia ou da bruxaria.
Em espanhol bruja e o português bruxa são vocábulos utilizados em mesmo sentido que se usaram strega em italiano, sorciére em francês, witch em inglês, hexe em alemão e, todos esses vocábulos nos diferentes idiomas traduzem o que nos documentos latinos a partir do século XIII, se entendia por palavras como incantatrix ou malefica (as palavras strix ou striga se afirmaram, no sentido de mistério e mágica).
Registra-se que gregos e romanos possuem uma atitude diferente e, sem dúvida, há homens e principalmente mulheres que hábeis em controlar a natureza e o espírito humano.
E, desde as divinas Circe e Medeia 1, filhas do sol indo até as incantatrices das quais cogitou Virgílio, Horácio, Ovídio, Lucano, Stacio e Apuleio, a cultura clássica nos ofereceu fenômenos inteiros de bruxaria.
E, tudo isso é também chamado de carmem, ou então, cantus, ou seja, fórmula mágica, ou simplesmente maleficium, que significa em forma suavizada, mal feito ou crime.
1.1. Medeia é uma tragédia grega de Eurípedes, de 431 antes de Cristo. Onde é apresentado o retrato psicológico de uma mulher eivada de amor e ódio a um só tempo. Representa novo tipo de personagem na tragédia grega e situa-se como esposa repudiada e estrangeira perseguida, que se rebela contra o mundo rejeitando o conformismo tradicional.
Dona de uma fúria terrível, mata os filhos que teve com o marido para vingar-se dele e, ao mesmo tempo automortificar-se. Circe segundo a mitologia grega era uma feiticeira em versões racionalizadas do mito, sendo especialista em venenos e drogas. Também aparecia como uma deusa relacionada à feitiçaria, assim como sua mãe Hécate.
Circe é considerada a deusa da lua nova, do amor carnal, feitiçaria, encantamentos, sonhos precognitivos, maldições, vinganças, magias negras e bruxarias em geral.
Referências
AGOSTINHO, Santo. Cittá di Dio (De civitate Dei). São Paulo: Alba, 1973;
CARDINI, Franco. Magia e bruxaria na Idade Média e no Renascimento.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771996000100001 Acesso em 31.05.2019;