O Escritor Ruço
Prólogo
Cala-te, Animigo!
Curva-te ante o Silêncio --
Eis-nos sob este Abrigo:
Seguro, Puro, Intenso!
A poesia perpassa os séculos. Eles nos legaram esse tesouro em versos. Essa arte de compor em nome da expressão interior, luz da alma, escuridão de uma casinha antiga, resiliente ao tempo, no meio da Floresta.
Tens medo de escrever ou é a nudez da página em branco que te afugenta?
Não te desesperes. Há que se navegar nesses mares do silêncio -- visitá-los de braços abertos.
A alma humana é o elemento mais incógnito ou antes inacessível de que se tem conhecimento. O núcleo do átomo, em suas particularidades (os quarks, os cric-crócs, os tics e os tacs), já se manifestou ante os escrutinizadores olhares dos pesquisadores insones. E a Estrutura das Evoluções Científicas teve de se relacionar com ciclones para enterrar antigos paradigmas e anunciar a vinda dos novos. Os Escritores Russos sabem bem o que são privações e dores, na alma e no corpo. Só quem passou fome, dor, sofreu muito, pode escrever com sangue. Mas a gente arrisca com nossa pena penitente. A gente treina, a gente teima, a gente reina. E não é só. A gente visita Outrora e os terrenos abandonados, locados ante os portões da Aurora -- claro que diametralmente opostos. Ah, Mysletlya! Leva-me ao palco! Quero figurar entre Vós! Quero ser alguém! Quero ver a mim mesmo sendo parte Vossa.
Todo escritor é um criador de mundos, de paisagens, de moradas habitáveis pelo Ser. Que sempre muda de casa. Porque busca evoluir. Há, por certo, controvérsias. Não compreendo os números -- que dirá o Númeno?
Eu volto mais tarde, Clarice. Que, por ora, a coisa tá ruça...