O artista é um questionador do mundo, um arauto com o grito aprisionado na sua angustia pela revelação do mistério das formas. Michelangelo arrancou de dentro da pedra bruta o seu David, ele o viu ali, não com o olhar que mira o horizonte líquido das efemeridades, ele o viu ali molécula por molécula, átomo por átomo, sólido, imune aos escoamentos das chuvas e aos ataques das bactérias. E palmo a palmo empunhando o cinzel o arrebatou das turbas da matéria imóvel. E deixou imune ao tempo e aos dias, sua alma lancetada sobre a bárbarie da cegueira mortal da pedra bruta esculpida.
É para o artista um constante escrever contra as páginas do tempo, contra a finitude da tabula rasa, cada risco, cada esboço, cada golpe lancinante da pena, do carvão, do cinzel, de forceps, na brancura efemera do papel, na tela cega, os pontos, as manchas, na agrura da matéria por fixar o que é preciso fixar ,por necessidade de entregar-se à essencia que o impele...
É para o artista um constante escrever contra as páginas do tempo, contra a finitude da tabula rasa, cada risco, cada esboço, cada golpe lancinante da pena, do carvão, do cinzel, de forceps, na brancura efemera do papel, na tela cega, os pontos, as manchas, na agrura da matéria por fixar o que é preciso fixar ,por necessidade de entregar-se à essencia que o impele...