NOSSA ALMA GÊMEA
Nair Lúcia de Britto/Maria José Aranha de Rezende   
 

Já ouvi várias vezes alguém dizer que a alma gêmea não existe; que é uma fantasia romântica sem nenhum fundamento. Entretanto a alma gêmea existe, sim; só que não se dá a merecida atenção para essa realidade. Encontrar a alma gêmea é quase que um milagre, por isso os casamentos perfeitos são tão raros.

Certa vez a escritora santista Maria José de Aranha Rezende numa de suas crônicas publicadas no Jornal “A Tribuna (19/02/1995), ao responder a pergunta de uma de suas leitoras, definiu lindamente sobre essa questão, que causa muitas dúvidas aos namorados.

A pergunta da leitora era a seguinte:
“Como poderemos adivinhar entre tantas almas qual será a nossa alma gêmea?”

Gentilmente, Maria José respondeu:
 
"Essa alma irmã da nossa, todos havemos de tê-la, sem dúvida. O que é difícil é encontrá-la no meio da multidão que nos rodeia e, principalmente, reconhecê-la entre aquelas que conosco privam.


“Nos detemos muitas vezes apenas no atrativo das aparências das fisionomias e, quantas vezes, numa aparência menos cativante não se esconde uma outra personalidade, capaz de num mundo de devotamento e sacrifício, de amor!

“Penso que é necessário uma perspicácia muito aguda para poder adivinhar, numa inflexão de voz, numa simples minúcia, num gesto, num olhar a nesga dessa alma que dorme no seu íntimo.

“É necessário quase nos tornar uma escafandrista de almas, nessa incessante procura tão passível de desencontros e enganos!

“Quantas vezes isso acontece, quando sentimos que embora cruzando o mesmo caminho, passamos por ela sem detê-la e lamentamos depois a sua ausência sem remédio...

“Nada pode igualar-se ao consolo de termos ao nosso lado alguém que nos compreenda, que tenha os mesmos anseios, uma perfeita afinidade, em suma.

“Não é necessário, acredite, que essa união de almas seja estritamente amorosa; pode ser um amigo, um companheiro, um parente, ou sejam quais forem a distância que nos separem. E não é justo que almas assim se separem, que não se unam na comunhão de um mesmo destino e que não sigam juntas, até o fim, o caminho da vida.

“Será amanhã, depois, daqui algum tempo? Não importa. Você se sentirá presa de uma alegria imprevista, como que tocada por uma misteriosa irradiação, sentindo o conceito exato da felicidade.

“E que jamais possa lamentar como aquele poeta: Só depois que partiu, contou quem era, e nunca mais eu me senti feliz!”

Complementando as belas e tão sábias palavras dessa escritora, eu diria que as almas gêmeas jamais pretendem mudar o jeito de ser, a personalidade inata, a vocação uma da outra. Elas se respeitam mutuamente, perdoam-se sempre qualquer falha; elas se amam ternamente; e esse amor nunca acaba.

Enfrentam todas as tempestades; todas as alegrias são compartilhadas. E passe o tempo que passar, seja o que for que aconteça, estarem juntas será sempre uma eterna felicidade!



 
Nair Lúcia de Britto e Maria José Aranha de Rezende
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 09/06/2019
Reeditado em 09/06/2019
Código do texto: T6668863
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