Cheiro de Pão Assando

Das memórias que amontoam-se nos escaninhos misteriosos da mente, o cheiro de pão assando está entre as 100 mais queridas das minhas lembranças. Do olfato é o que me resta, memória olfativa, um acidente determinou o fim do meu sentir cheiros e aromas. Posso considerar-me felizardo por ainda ter lembranças, ter memoria, ainda que não sejam tão quanto foram um dia.

O aroma de pão assando em forno de lenha invadia as manhãs da casa donde morava quando jovem, menino me arrumando para a escola primária, e a tarde a delícia invasora denunciava pão fresco que logo estaria na mesa para o lanche da tarde.

Esquina de Belfort Roxo com Viveiro de Castro tem uma padaria que funcionava 24 horas todos os dias da semana, deu pausa nos aromas das suas guloseimas para modernizar as instalações, promete voltar a aromatizar o arredor antes de setembro chegar, tomara que assim seja. Dentre as celebridades que degustam suas delícias está minha amada filha, que vez ou outra diz sentir falta das broas de milho e pão de queijo.

Quando minha filha era menina pequena aromatizava meu olfato com aroma de neném. A lembrança daquele aroma está no topo da lista dos 100, talvez não seja o primeiro da lista, mas certamente está bem próximo do primeiro.

Afinal sou homem do sexo masculino, e como todo homem do sexo masculino que perdeu o sentido do olfato, o primeiro da lista não pode ser outro... o aroma perfumoso de mulher.
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 08/06/2019
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