É MENTIRA, TERTA!
Os meus cinco leitores podem pensar que ando tecendo loas fabulosas ao Junco por ser a terra que me pariu, mas confesso que ela é uma cidade atípica no meio do Sertão. Vejamos meus argumentos: certo dia um conterrâneo postou no Facebook umas fotos nesses paraísos próprios para se plantar mandioca depois que se diz sim ao padre. Todas as legendas davam a entender que havia se casado naquela semana e que curtiam a lua de mel. Como ele possui milhões de seguidores, havia milhões de felicitações e curtidas. Um mês depois ele postou uma foto da sua esposa no quinto mês de gestação. Esse milagre me fez lembrar do caso de outro conterrâneo em conversa de botequim na terra da garoa, depois de umas lapadas da branquinha.
– Cara, nunca vi progresso tão grande igual ao que está acontecendo na minha terra – disse seu parceiro de copo, um cearense do Vale do Cariri – Fui lá na semana passada, peguei um táxi na rodoviária para o centro da cidade, no meio do caminho vi um prédio em início de construção. Quando voltei, de noite, tinha um edifício de dez andares.
– E você chama isso de progresso?! – arguiu meu conterrâneo - Progresso é o que vi na minha cidade, anteontem. Fui visitar a minha mãe logo cedo da manhã e vi o dono de uma construtora negociando a compra de um terreno baldio. Quando eu voltei, de tardinha, havia um prédio de trinta andares no lugar que era o terreno baldio que vi pela manhã. E vou contar uma coisa que vocês aqui não vão acreditar e vão dizer que é lero-lero: havia três carros da polícia e um oficial de justiça na porta do prédio. Um dos policiais era meu conhecido, perguntei a ele o que havia acontecido e ele me respondeu que acompanhavam o oficial de justiça numa ação de despejo. Dois inquilinos deviam quatro meses de aluguel e estavam sendo despejados.
Progresso assim só no Junco mesmo.