O quarto de Nietzsche
O cheiro em meu quarto indicava o tempo que a gente estava enlaçado um no outro. Uma mistura de fluidos carnais, todos começados em “esse”. Suor, saliva, sangue, sêmen. Naquela época a gente ainda não tinha começado a ter penetração. Brincava até não poder mais, até empestear o quarto de nosso cheiro, a tarde toda e o começo da noite. O sabor da boca dela era feito de saliva e sêmen.
Se como num destes livros de Nietzsche, que li sem entender, a vida fosse um carrossel de eternas repetições, aquele quarto e o cheiro que ela e eu produzíamos nele, seriam uma marca na eternidade, um degrau no meu samsara.