Dor e Paz

Sim eu amo a mensagem da cruz, até morrer eu a vou proclamar… nesse estribilho cantava a música utilizando-se de toda a força que ainda restara-lhe. A enfermidade devorava para além de sua carne, destruía a inércia da oração da congregação e, paradoxalmente, destruía os bancos vazios enchendo-os de almas sedentas que iam ouvi-lo declarar e comprovar o quanto excede qualquer entendimento a paz que sua fé concedia-lhe. Era um exemplo vivo de devoção, zelo e afinco à pregação do evangelho de Cristo. A bondade, a fidelidade, a alegria só encontraremos em Cristo, Ele é nossa esperança e conforto - prosseguia seu sermão como exemplo vivo, era a personificação de suas palavras, sequer necessitava pronunciá-las, mas fazia-o com desmedido prazer. Suas convicções exalavam de seus atos, suas palavras corroboravam, qualquer observador poderia dispensá-las, bastava a atitude. Exemplo de persistência e fé. Te adorarei, Senhor, não importam as circunstâncias - repetia, repetia, não cansava de repetir. Assim distribuía confiança. Certeza no que não via, mas esperava. Antes mesmo que ele fosse alcançado pela cura da carne, muitos foram curados na alma, ele fora o canal. Não mostrou rancor ou insatisfação, não culpou Deus, era consciente que o padecer do justo poderia assemelhar-se ao do ímpio, mas este último padecia sem esperanças, o primeiro seguia pelo caminho que o conduzirá a premiação de gozo eterno, sem dores, sem lágrimas, um dia tudo aquilo cessará. O perder era lucro, seu corpo era momentâneo, algo maior o esperava e crendo nisso prosseguiu, certo de que havia propósito para aquele momento, disse apenas: eis-me aqui, envia-me. Assim, insistia em declarar que há um nome que está sobre todos os nomes, que é lindo, maravilhoso, conselheiro e príncipe da paz, paz, paz, declarava tudo em paz.