Um dia insuspeito para certas moças suspeitas

Ai que saudades que eu tenho da minha adolescência querida, da virgindade perdida nos lupanares da vida. Com a virgindade, foi-se também a inocência, e descobri com muito pesar que as cegonhas não existiam.

- Os bebês passam por outro buraco, não aquele do telhado que seus pais fizeram quando seu irmão nasceu. Vem no quarto que te mostro.

E mostrou. Foi tão bom, tão gostoso, divino e maravilhoso, tanto, tanto, que o padre me penitenciou com dois litros de suco de limão ao me confessar pecador na missa de domingo.

- Suco de limão, seu padre?

- Sim senhor!

- Pra quê

- Pra desmanchar essa sua cara de felicidade.

Quando eu me tornei o rei do brega, levei um primo para quebrar o cabresto. Ele quase me desbanca do trono com sua inocência indiscreta. Chamou a mulher à mesa e perguntou:

- Ô, dona moça, a senhora é puta?!

A sorte dele foi que nos puteiros a virgindade masculina era muito disputada pelas "moças". Era o único momento em que elas se vestiam de importância professoral e davam as ordens na cama. Passado o instante, o aprendiz saía com cara de mestre e já queria dar porrada nas mulheres.

E ainda elas eram chamadas de "mulheres da vida fácil" pelas mulheres pudicas que viviam em função das confissões e da hóstia consagrada.

Como suspirava Hardy, a hiena: Ó vida!