MENSAGENS EM CÓDIGO - LAZER OU CIÊNCIA ?
MENSAGENS EM CÓDIGO - LAZER OU CIÊNCIA ?
As pessoas que escolhem o que ler pelo título do livro ou artigo irão passar direto por esta crônica, ignorando que quase tudo no Mundo -- e em nossas existências, por consequência -- é mensagem "em código", seja o choro do bebê ou a bula do remédio, partitura musical, o nosso alfabeto eo dos demais povos, desde o tempo das cavernas. A mímica, a antiga taquigrafia (feita hoje com máquinas), as escritas de povos milenares, bandeirolas em navios e aeroportos, o código morse e matérias como matemática, física, química ou biologia se valem de SÍMBOLOS para expressarem seus conteúdos técnicos ou fórmulas. Logo, deduzimos que CÓDIGO é qualquer mensagem de conhecimento restrito, inacessível à maioria.
Meu interesse por mensagens secretas -- ou codificadas -- vem de muito tempo, após a leitura do instigante conto "O Escaravelho de Ouro", de Edgar Allan Poe, no qual alguém encontro um besouro coberto de ouro em pó mas, para localizar o tesouro, precisa DECIFRAR complicada mensagem em código. Na época, anos 70, havia uma revista em quadrinhos que destrinchava os recurso de alemães e ingleses para disfarçar suas mensagens, impedindo que o inimigo tivesse acesso a ordens e planos de ataque. A revista ensinava truques simples, como escrever numa folha de papel com suco de limão, que "desaparecia" assim que seca. Para ler basta postar 1 vela acesa que, aquecendo a folha, revela o texto escrito ou desenho feito. Nos primórdios da espionagem usava-se determinado livro e, nele, 1 ou 2 palavras numa página qualquer. Assim sendo, nos grupos numéricos repassados ao espião, a expressão 05.03.12 faz referência à 12ª palavra da terceira linha da página 5... de um romance qualquer, cujo título só êle sabia. Esses "grupamentos" de 5 ou 6 caracteres eram muito comuns na época e, quando necessário, se "completava" com X ou Y, para manter a unidade da mensagem.
Nos anos 50/60 quem não brincou de "mensagem secreta" usando a sequência alfanumérica (de símbolos, números e fonemas) da máquina de escrever que toda família tinha em casa ? No caso da "batida" sequência ASDFG -- inesquecível para quem treinava datilografia -- o D escrito na mensagem secreta vale como A ou G, porque o combinado antes vai indicar quantas teclas "se pula". Nossos bisavós adoravam solucionar "Cartas Enigmáticas" -- quase toda ela de pequenos desenhos... (sol + dado formava "soldado") -- os difíceis "Logogrifos" e Logogramas e os terríveis "Enigmas", estes ainda hoje um sério desafio às mentes mais brilhantes. Numa frase qualquer, por vezes de pouco sentido, se destacava em negrito 2 palavras, que deviam ser substituídas por sinônimos, com o número de sílabas já definido ao lado do têrmo sublinhado. A junção das 2 novas palavras ía formar a terceira, cujo significado estava "embutido' na tal frase inicial, o logogrifo ou "Logograma". Havia torneios com prêmios, em revistas nacionais, mesmo assim poucos conseguiam resolver os dificílimos desafios, verdadeiros "quebra-cabeças". Por falar nisso, na obra "O Homem que Calculava" -- de MALBA TAHAN, pseudônimo de um brasileiro -- há surpreendentes "enigmas" matemáticos envoltos em estórias deslumbrantes e muito criativas. Difícil é achar a obra que, por culpa dessa "estupidez" tachada de direitos autorais, sequer poderá ser copiada. Fadada ao "limbo" literário, findará não sendo do conhecimento de mais ninguém !
Entretanto, voltemos aos dias do "escaravelho dourado"... recruta em meados dos anos 70, conheci no Quartel interessante código em quadrado de 5 x 5 quadrículas, onde cabia todo nosso alfabeto, exceto o Y, salvo engano meu. Simples mas eficiente, dispensava CHAVE, a "alma" dos códigos. Os ingleses venceram a Segunda Guerra após tomar posse de uma "máquina de mensagens" dos alemães COM A CHAVE dos vários códigos usados por êles. Nessa, do Quartel, as letras em sentido aleatório, de nada valiam sem a informação vital de quantos quadrados se devia "PULAR" no momento da decifração e esse sistema mudava diariamente. Quem me leu até aqui deu um risinho de escárnio sobre toda essa "baboseira"... modernos computadores criam códigos com 64 ou até 138 "bites", traduzindo, símbolos ou letras -- a tal CHAVE que citei acima -- e mensagens cifradas nesse formato se tornam de revelação quase impossível, mesmo para outros PCs. É o fim do "romantismo" dos velhos espiões de cachimbo e sobretudo.
"NATO" AZEVEDO (em 1º/junho 2019)