Diferentes mundos
Admiro demais essas mulheres cheias de garbo, que devoram livros gigantes em um fim de semana de chuva, com sua caneca de café comprada na última viagem à Paris.
Mulheres que amam sem medo de morrer.
Que vão ao centro da cidade de metrô porque odeiam o trânsito portando um cachecól e um copo de café para viagem comprado sem peso na consciência no Starbucks.
Seus pézinhos gelados e rosas; lisos, sem precisar lixar a sola.
Adoráveis senhoras que adoram seus filhos homossexuais e os apresentam em jantares de família.
Sua droga mais pesada é o fumo do cachimbo novo.
Eu, totalmente ao contrário: periférica, odiada e odiosa. Filha do vento com uma chocadeira de pele preta.
Sinto informar, mas muitas versões de mim queriam ser uma Greta Garbo, Zelda Fitzgerald, Channel.
Mas eu sou a versão burra e estúpida das atrizes de cinema que tem algum talento sim, mas são postas para atuar como empregadas; estupradas pelo patrão.
Eu só quero reclamar mesmo.
Estou pensando em fumar
E se eu me matar? Mamãe sentirá minha falta? Meu pai voltará a olhar na minha cara?
Pobre mundo fantasioso que mora em minha mente. Sou crente demais nas pessoas e desconfio da minha própria sombra, tão aterrorizada e carente.
Tomo um porre num copo de requeijão lavado, deito para dormir num colchão velho soltando as espumas e tomo banho gelado para ver se a porra que vai tentar me engravidar escorre pela minha periquita.
Se eu embuchar, não vou poder carregar a bolsa das senhoras ricas a troco de pão. Não, não. Mais esse peso na consciência eu não carrego!